AS SOCIEDADES DE ARTISTAS
a partir da experiência de José Júlio
Sábado, 6 de Julho, 16h
A propósito da exposição «José Júlio – pintura e gravura» vamos falar sobre sociedades de artistas, nomeadamente da Sociedade Nacional de Belas Artes, e das suas Exposições Gerais de Artes Plásticas – onde participaram Mário Dionísio e José Júlio -, e da Cooperativa Gravura – onde José Júlio foi sócio-fundador e primeiro presidente.
Participam nesta conversa Rui-Mário Gonçalves, Francisco Castro Rodrigues, Ana Isabel Ribeiro, Cristina Azevedo e Filomena Serra.
«(…) os artistas antifascistas venceram as eleições da Sociedade Nacional de Belas Artes, renovaram a vida associativa, publicaram uma pequena revista (com o interesse e o gosto habituais de KeilAmaral, mais a ajuda do Celestino de Castro, do Castro Rodrigues e até a minha) e aí realizaram a primeira grande Exposição Geral deArtes Plásticas, cuja condição de admissão era só uma: nunca ter exposto no SNI ou deixar de lá expor depois de 1945.»
Mário Dionísio, «Sinais e circunstâncias: depoimento de Mário Dionísio» (entrevista para a Vértice, 1974), publicado em Entrevistas – (1945-1991) (CA-CMD, 2010)
VOZES QUE O VENTO NÃO LEVARÁ
Oficina
Domingos, das 15h30 às 17h30
Nesta oficina vamos, com Margarida Guia, falar em voz bem alta, falar em voz bem baixa para toda gente ouvir e entender o que se diz e o que se quer dizer.
Para todos a partir dos 6 anos.
CICLO A PALETA E O MUNDO III
Modos de ver de John Berger
Segunda-feira, 8 de Julho, 18h30
Na 3ª parte do ciclo «A Paleta e o Mundo» lemos obras que foram citadas em A Paleta e o Mundo de Mário Dionísio, ou obras de autores seus contemporâneos.
Nesta sessão continua a leitura comentada por Gonçalo Lopes, com projecção de imagens, do 5º capítulo de Modos de ver de John Berger.
CICLO DE CINEMA AO AR LIVRE
FÉRIAS NA ACHADA
Férias em Roma de William Wyner
Segunda-feira, 8 de Junho, 21h30
Nesta segunda-feira acontece a 2ª sessão do ciclo de cinema ao ar livre, na Rua da Achada, «Férias na Achada». Projectamos Férias em Roma (1953, 118 min.) de William Wyner. Quem apresenta é Eduarda Dionísio.
As férias não são tão velhas como o mundo. Antes de começarem a regular os calendários, quem as gozava eram os que não viviam do trabalho e não precisavam de «descansar», mas podiam «mudar de ares» e fazer «vilegiaturas». No século XX, as férias mudaram de figura: foram uma conquista dos trabalhadores e um direito (con)sagrado.
Hoje são «matéria» do comércio e da indústria – «turismo», agências de viagens… E cada vez mais «repartidas». E há cada vez menos «férias»: se não há trabalho, ou se o trabalho é precário, e sem contrato, como pode haver «férias»?
As antigas férias (como os «fins-de-semana», os feriados e as suas «pontes»), conquistadas aos patrões, enquanto terreno da «felicidade» vinda do «não fazer nada», do «não obrigatório», do tempo «livre», têm sido tema e lugar da literatura, da pintura, do teatro, do cinema. Férias desejadas, idealizadas, aproveitadas, e também malbaratadas, desgraçadas. São um tempo com lugares, hábitos e rituais próprios, e paixões, dramas, tragédias e comédias que o «ócio» pode tornar diferentes ou ampliar. São espelho duma sociedade, é claro.
O filme mais antigo deste ciclo, Passeio ao campo de Renoir, começou a ser rodado em 1936, ano determinante na vida dos assalariados franceses: milhões de operários partiram pela primeira vez para as praias, sem perderem o salário dos 15 dias em que não trabalhavam. Vários filmes deste ciclo são dos anos 50. E, ao contrário do que tem acontecido com outros ciclos, não há nenhum do século XXI. Por alguma razão será.
Um ciclo dedicado sobretudo aos que (já) não têm férias e que as poderão ter aqui, olhando para as férias dos outros, uma noite por semana, ao ar livre, enquanto é verão.
OS ÍNDIOS DA MEIA PRAIA – ONTEM E HOJE
Sábado, 6 de Julho, 18h30
Organização: NAM – Não Apaguem a Memória
Conversa sobre os índios da Meia Praia com o arquitecto José Veloso, envolvido nas operações SAAL da Meia Praia, e com o sociologo João Baía. O Coro da Achada vem cantar «Os índios da meia praia» de José Afonso. Às 21h30 projecta-se o filme Os índios da meia praia de António da Cunha Telles.
Quando se deu a revolução de Abril de 1974, as barracas de zinco de uma comunidade de pescadores, em Lagos, desapareceram neste lugar. Através do serviço ambulatório de apoio local, conhecido como projecto SAAL, o governo cedeu o terreno, o apoio técnico e parte do dinheiro, e as populações avançaram com a mão-de-obra.
O fim do bairro de lata ficaria a dever-se ao arquitecto José Veloso. Foi difícil convencer os moradores do bairro. Desconfiavam das promessas e chegaram a ameaçar correr José Veloso à pedrada. O arquitecto não desistiu. Aos poucos, os pescadores acreditaram que poderiam ter direito a uma casa.
Ansiosa por deixar as barracas, a população organizou-se em turnos. Quando os homens estavam no mar, eram as mulheres que trabalhavam nas obras. Havia duas regras: as habitações tinham de começar a ser construídas ao mesmo tempo e todos teriam de ajudar na construção de todas as casas.
O realizador de cinema António da Cunha Telles decidiu documentar a transformação que estava em marcha e Zeca Afonso criou a música com o mesmo nome.
Quase quarenta anos depois, o bairro, localizado a poucos passos da praia, numa zona de expansão turística e ao lado de um campo de golfe, parece ter os dias contados.