Foi com enorme tristeza que recebemos a notícia da morte de Manuel Gusmão, sócio-fundador da Casa da Achada – Centro Mário Dionísio. Fará falta neste mundo a sua voz dissonante e a sua voz de poeta e também na Casa da Achada o seu pensamento crítico, rigoroso e atento.
Manuel Gusmão conheceu Mário Dionísio e escreveu sobre a sua obra literária. Em 1969, escreveu sobre o romance Não há morte nem princípio no Jornal de Letras e, já depois da sua morte, continuou a pensar sobre esse romance numa sessão na associação Abril em Maio em 2001. Em 2009 fez na Escola Secundária de Mafra a conferência «Unidade e diversidade no neo-realismo português: Soeiro Pereira Gomes, Carlos de Oliveira e Mário Dionísio.»
Na Casa da Achada, de cujo Conselho Consultivo fez parte, lançou o seu livro Finisterra: O trabalho do fim: reCitar a origem (Angelus Novus, 2010). Participou também em várias sessões da casa. Logo em Janeiro de 2010, orientou uma sessão de leitura e discussão do capítulo d’A paleta e o mundo «Um mundo dentro do mundo». Ainda nesse ano, falou novamente sobre o romance Não há morte nem princípio, numa sessão da rubrica «Mário Dionísio escritor», e o seu estudo «Não há morte nem princípio – Folhas do tempo que renasce e se ramifica» foi publicado em Mário Dionísio – Vida e Obra (CA-CMD, 2011). Em 2012, falou sobre Carlos de Oliveira, juntamente com Gastão Cruz, Nuno Júdice e Rosa Maria Martelo numa sessão da rubrica «Amigos de Mário Dionísio», com leituras por Antonino Solmer, Diogo Dória, Jorge Silva Melo e Luis Miguel Cintra e canções pelo Coro da Achada. Em 2016, participou no Congresso Internacional Mário Dionísio, de cuja comissão de honra fez parte, e onde fez a comunicação «Mário Dionísio e a arte de inventar a mudança».
Manuel Gusmão era também amigo de Eduarda Dionísio, com quem colaborou nalguns projectos, como a revista Crítica.
No dia do aniversário do autor, vamos ouvir o conto de Mário Dionísio «Assobiando à vontade», escrito em 1944 e re-escrito em 1965, na voz de Inês Nogueira e som de Artur Pispalhas. Nestes tempos confinados, um conto sobre liberdade.
Em tempos de pandemia, lembramos outros tempos: os da tuberculose. Tempos igualmente de desemprego. Um conto de Mário Dionísio – que teve tuberculose durante 4 anos no início dos anos 40, interrompendo a sua carreira de professor – lido pelo actor Pompeu José.
«Uma voz conhecida não lhe saía dos ouvidos: “Milhões, biliões de bacilos, andam em toda a parte à solta sem que ninguém lhes barre o caminho. No pau de fósforo em que seguras para acender o cigarro, no bilhete que te estendem no eléctrico, na chávena que te trazem no café com um aspecto irrepreensível, em qualquer móvel da tua própria casa, nas tuas mãos. É bonito evitares contagiar os outros à custa da tua própria vida. Mas quem se interessará por ti? Quem beneficiará do teu sacrifício?” Quando o outro lhe perguntasse pela saúde, deveria dizer: boa. Quando o outro lhe perguntasse: inteiramente curado?, deveria responder: inteiramente. Qualquer ameaço de tosse estragaria tudo.»
LEITURA DE DOIS CONTOS DE O DIA CINZENTO Mário Dionísio, escritor e outras coisas mais Quinta-feira, 8 de Agosto, 18h
Nesta sessão, do ciclo «Mário Dionísio, escritor e outras coisas mais», recebemos Antonino Solmer e Sofia Ortolá que vêm ler dois contos deO dia cinzento que falam do verão: «Morena – Vulcão» e «Uma tarde de Agosto».
«Nunca estivera tão perto do mar. Pelo menos desse mar assim azul, dessa língua de areia que só conhecia dos cartazes de turismo, dessas pessoas despreocupadas, saudáveis, felizes, vestindo roupas caras com o à-vontade com que ela usava a bata de trabalho e eram tal qual as pessoas dos filmes que passavam no pequeno cinema do seu bairro. Mas aquilo não era um filme, era verdade.» Mário Dionísio, «Morena – Vulcão»
«Os homens continuaram a serrar como se não tivessem ouvido nada. Era melhor assim. O Dr. Guilherme havia de dizer sempre qualquer coisa. Os seus gritos assentavam como chicotadas nas costas dos homens que serravam no largo da adega grande, nos que batiam milho na eira, nos que se espalhavam, por muitos quilómetros em volta, abrindo à enxada a terra negra da quinta.» Mário Dionísio, «Uma tarde de Agosto»
VOZES QUE O VENTO NÃO LEVARÁ Oficina Domingo, 11 de Agosto, das 15h30 às 17h30
Nesta oficina continuamos, com Margarida Guia, a falar em voz bem alta, falar em voz bem baixa para toda gente ouvir e entender o que se diz e o que se quer dizer.
Para todos a partir dos 6 anos. Continua todos os domingos de Agosto.
CICLO A PALETA E O MUNDO III Iniciação estética de Cochofel
Segunda-feira, 12 de Agosto, 18h30
Na 3ª parte do ciclo «A Paleta e o Mundo» lemos obras que foram citadas em A Paleta e o Mundo de Mário Dionísio, ou obras de autores seus contemporâneos.
Nesta sessão Eduarda Dionísio continua a leitura comentada, com projecção de imagens, do capítulo IV de Iniciação estética de João José Cochofel.
«Diante de um quadro, ao escutarmos um trecho musical, quando lemos um livro ou nos alheamos na simples contemplação de uma paisagem, se embora de um modo obscuro pressentimos que tais exercícios vieram, eficazmente, convincentemente, acrescentar algo de novo, de inesperado, de estimulante, à nossa experiência da vida, se alvoroçadamente descobrimos no nosso íntimo que vieram alargar ao mesmo tempo as nossas faculdades de sentir e de compreender, é à palavra belo que recorremos para classificar o objecto que de tão singular maneira se impôs à nossa atenção. Um objecto do qual nada esperávamos que servisse o nosso conhecimento do mundo ou ajudasse a resolver as nossas mais instantes dificuldades quotidianas, cujo valor útil e prático ignorávamos, e que no entanto ali nos retém presos nas invisíveis malhas que todavia o ligam à condição humana de conhecer e agir» José João Cochofel, na introdução de Iniciação estética
CICLO DE CINEMA AO AR LIVRE FÉRIAS NA ACHADA O pecado mora ao ladode Billy Wilder Segunda-feira, 12 de Agosto, 21h30
Nesta segunda-feira projectamos, ao ar livre,O pecado mora aolado (1955, 105 min.) de Billy Wilder. Quem apresenta é Youri Paiva.
«PROUD BEAUTY» DE JOSÉ RODRIGUES MIGUÉIS COM CRISTINA ALMEIDA RIBEIRO Quinta-feira, 20 de Junho, 18h
Nesta sessão, Cristina Almeida Ribeiro vem falar-nos do conto «Proud beauty», publicado inicialmente em inglês, posteriormente editado em português com o título «Beleza orgulhosa» em Onde a noite se acaba, de José Rodrigues Miguéis.
34.ª sessão de uma série com periodicidade mensal, a partir de livros e autores referidos por Mário Dionísio num depoimento sobre «Os livros da minha vida».
«Onde a noite se acaba era, de facto, um prodígio de exercício(s) e desafio, escrito num estilo aliciante que, como o de Garrett, não temia o estrangeirismo para ser inequivocamente português. Nele o autor se media com Camilo, Eça, Fialho e nele se revelava ou confirmava ser “um dos maiores escritores de língua portuguesa dos nossos dias”. O que hoje corroboro, cortando apenas o restritivo “dos nossos dias” para substituir estas palavras por “de sempre”.» Mário Dionísio, «Sem Rodrigues Miguéis» (artigo para o Diário de Lisboa, 1980), republicado em Entre palavras e cores alguns dispersos (1937-1990) (CA-CMD, 2009)
A OBRA LITERÁRIA DE MÁRIO DIONÍSIO COM MARIA ALZIRA SEIXO Conclusões, dissensões e aberturas Sábado, 22 de Junho, 16h
Terminam em Junho as sessões mensais, inseridas no ciclo «Mário Dionísio, escritor e outras coisas mais», sobre a obra literária de Mário Dionísio por Maria Alzira Seixo.
Esta é a sessão das conclusões, dissensões e aberturas. Um olhar sobre a pintura dionisiana. Perspectiva comparatista: o traço e a frase, o encadeado das manchas e a segmentação discursiva, arquitecturas visuais e textuais.
Em seis sessões mensais, Maria Alzira Seixo, professora catedrática da Faculdade de Letras de Lisboa, apresenta a obra literária de Mário Dionísio. Abordou-se a Autobiografia, a crítica e o ensaio, a poesia, o conto e o romance.
«Dizer, na relação de criar, foi, parece-nos, o essencial da actividade deste escritor, que sempre lidou com imagens, as da visão do mundo e as da sua expressão, as da configuração alienante e as de uma possível abertura de horizontes bloqueados. Daí que a sua preocupação cultural fosse sempre constante, e que o seu trabalho da palavra arriscasse sentidos que a procura do rigor e da nitidez não afastavam da perplexidade e da dúvida.
E é aqui talvez que se situa, para Mário Dionísio, a complementaridade da história e da reflexão, isto é, a consciência dos níveis do tempo envolvido na experiência da condição humana e na sua reflexão, que a sua ficção exemplarmente demonstra e com extrema felicidade desenvolve.» Maria Alzira Seixo, no texto «Mário Dionísio, cultor de imagens», publicado em «Não há Morte nem Príncipio» – a propósito da vida e obra de Mário Dionísio (Biblioteca-Museu República e Resistência, 1996)
FAZER O QUE PRESTA A PARTIR DO QUE NÃO PRESTA Oficina com Eupremio Scarpa Domingo, 23 de Junho, das 15h3o às 17h30
Nestes três últimos domingos do mês, com Eupremio Scarpa, vamos imaginar e construir sem desperdiçar com materiais baratos, reutilizar e reciclar o que parece que já não serve para nada.
Para todos a partir dos 6 anos. A oficina continua no domingo 30 de Junho.
CICLO A PALETA E O MUNDO III Modos de ver de John Berger
Segunda-feira, 24 de Junho, 18h30
Na 3ª parte do ciclo «A Paleta e o Mundo» lemos obras que foram citadas em A Paleta e o Mundo de Mário Dionísio, ou obras de autores seus contemporâneos.
Nesta sessão continua a leitura comentada, com projecção de imagens, do 5º capítulo de Modos de ver de John Berger.
CICLO DE CINEMA – DINHEIRO PARA QUE TE QUEREM Não o levarás contigo de Frank Capra Segunda-feira, 24 de Junho, 21h30
Termina, nesta segunda-feira, este ciclo de cinema sobre o dinheiro. Projectamos Não o levarás contigo (1938, 126 min.) de Frank Capra. Quem apresenta é Gabriel Bonito.
O próximo ciclo de cinema, «Férias da Achada», durante Julho, Agosto e Setembro, será ao ar livre, na Rua da Achada.
Parece que o centro do mundo é o dinheiro. A falta de dinheiro, o pouco dinheiro, o muito dinheiro, o demasiado dinheiro, o dinheiro guardado – a poupança até tem direito a dia mundial -, o dinheiro usado, o dinheiro roubado, o dinheiro emprestado, oferecido ou por oferecer, ou bem ou mal distribuído, e por aí fora.
Se todos tivéssemos dinheiro, não havia Banco Alimentar. Se todos tivéssemos dinheiro, não se morria à fome, nem havia misericórdias, nem ONGs de caridade, nem IPSSs, nem subsídios de desemprego e de reinserção (quando os há), etc., etc. Nem nasceriam zonas francas nem casinos. Nem quase seriam precisos tribunais que julgam assassinatos, roubos, heranças, partilhas, limites de propriedades… com o dinheiro ao centro.
O dinheiro é mesmo o centro do mundo. E, porque parece sê-lo cada vez mais, e sempre de outras maneiras, organizámos este ciclo de filmes, maior que os anteriores.
HISTÓRIA ORAL, MÉTODOS, MEMÓRIAS E ACONTECIMENTOS com Alessandro Portelli Terça-feira, 25 de Junho, 18h30
Organização: UNIPOP
«Este livro reúne cinco textos escritos por Alessandro Portelli em diferentes momentos do seu percurso de investigador empenhado no uso de fontes orais. Os três primeiros artigos abordam a História Oral a partir das questões epistemológicas e éticas que ela convoca. Os dois textos seguintes tomam como objeto a Itália do pós-guerra, ocupando-se da temática da memória e do modo como ela se relaciona com os acontecimentos – ocorridos ou imaginados – e com as dinâmicas sociais e políticas circundantes. Todos eles entendem a História Oral não tanto como uma mera técnica de recolha de dados a partir de entrevistas, mas como uma prática que foi construindo um campo peculiar de abordagens e problemas.»
Alessandro Portelli (1942) é professor de Literatura Anglo-Americana na Universidade de La Sapienza (Roma) e referência incontornável no campo da História Oral. É membro do Istituto Ernesto de Martino e presidente do Circolo Gianni Bosio, dedicado ao estudo e revitalização da memória e da cultura popular. O Circolo Gianni Bosio e Alessandro Portelli têm participado, tal como a Casa da Achada, nas festas da Lega di Cultura di Piadena.
VEM AÍ A FESTA NA CASA DA CERCA com o Coro da Achada Sábado, 22 de Junho, 17h Casa da Cerca, Almada
O Coro da Achada canta no 20º aniversário da Casa da Cerca.
«O lema deste ano é “Ocupe-a!” Todo ano e particularmente no dia 22 de junho em que a Casa da Cerca organiza mais uma edição da sua festa anual, esta para comemorar o seu 20º aniversário. Das 10h às 2h muitas são as atividades que tem para lhe oferecer gratuitamente. Desde yoga pela manhã, a tai-chi ao final de tarde, música com a banda Katharsis, e à noite com o DJ Lizardo (Planeta Pop/Rádio Radar), Teatro-Circo pelo Projeto Anagrama, são algumas propostas a que não vai ficar indiferente. O mercado Crafts & Design vai voltar a atravessar o rio para se instalar todo o dia nesta Festa, com novidades de artistas e artesãos de design urbano e contemporâneo. A Casa da Cerca oferece ainda as habituais visitas orientadas às exposições (que neste dia estarão abertas até à meia noite) e ao Jardim Botânico, bem como um leque de oficinas de arte em que poderá participar livremente, individualmente, em família ou com amigos.
Haverá ainda espaço nesta Festa para um evento surpresa onde muitos segredos da Casa da Cerca serão revelados!
De manhã à noite, ocupe-a!»
O ROMANCE NA OBRA DE MÁRIO DIONÍSIO COM MARIA ALZIRA SEIXO Sábado, 18 de Maio, 16h
Continuam em Maio as sessões mensais, inseridas no ciclo «Mário Dionísio, escritor e outras coisas mais», sobre a obra literária de Mário Dionísio por Maria Alzira Seixo.
Nesta sessão vamos falar sobre o único romance na obra de Mário Dionísio: Não há morte nem princípio, 1969. Herança literária, técnica narrativa e textualização da experiência modernista. Um relato singular. Convergências estéticas e inovação.
Em seis sessões mensais, Maria Alzira Seixo, professora catedrática da Faculdade de Letras de Lisboa, apresenta a obra literária de Mário Dionísio. Depois de já termos falado sobre a Autobiografia, a crítica e o ensaio; sobre a poesia; sobre o conto; e por fim, no próximo mês, serão discutidas conclusões, dissenções e aberturas.
«Mas em Não há Morte nem Princípio, o social emerge como uma estruturação de convergência do económico com o intelectual, e este romance importante, que conduz o confronto da ideia com a sua prática, na relação entre a luta pessoal e o convívio, é um texto fundamental para o pensamento da nossa estética dos anos sessenta, nos planos ideológico, artístico e narrativo.» Maria Alzira Seixo, no texto «Mário Dionísio, cultor de imagens», publicado em «Não há Morte nem Príncipio» – a propósito da vida e obra de Mário Dionísio (Biblioteca-Museu República e Resistência, 1996)
TAPEÇARIA TECIDA Oficina Domingo, 19 de Maio, das 15h30 às 17h30
Nesta oficina em Maio, que se prolonga até Junho, com Carla Mota, vamos fazer tapeçaria tecida.
Para todos a partir dos 12 anos. Número máximo de participantes: 10.
CICLO A PALETA E O MUNDO III Modos de ver de John Berger
Segunda-feira, 20 de Maio, 18h30
Na 3ª parte do ciclo «A Paleta e o Mundo» lemos obras que foram citadas em A Paleta e o Mundo de Mário Dionísio, ou obras de autores seus contemporâneos.
Nesta sessão continua a leitura comentada, com projecção de imagens, de Modos de ver de John Berger por Gonçalo Lopes.
CICLO DE CINEMA – DINHEIRO PARA QUE TE QUEREM A cor do dinheiro de Martin Scorsese
Segunda-feira, 20 de Maio, 21h30
Nesta segunda-feira deste ciclo de cinema sobre o dinheiro, projectamos A cor do dinheiro (1986, 119 min.) de Martin Scorsese. Quem apresenta é Youri Paiva.
Parece que o centro do mundo é o dinheiro. A falta de dinheiro, o pouco dinheiro, o muito dinheiro, o demasiado dinheiro, o dinheiro guardado – a poupança até tem direito a dia mundial -, o dinheiro usado, o dinheiro roubado, o dinheiro emprestado, oferecido ou por oferecer, ou bem ou mal distribuído, e por aí fora.
Se todos tivéssemos dinheiro, não havia Banco Alimentar. Se todos tivéssemos dinheiro, não se morria à fome, nem havia misericórdias, nem ONGs de caridade, nem IPSSs, nem subsídios de desemprego e de reinserção (quando os há), etc., etc. Nem nasceriam zonas francas nem casinos. Nem quase seriam precisos tribunais que julgam assassinatos, roubos, heranças, partilhas, limites de propriedades… com o dinheiro ao centro.
O dinheiro é mesmo o centro do mundo. E, porque parece sê-lo cada vez mais, e sempre de outras maneiras, organizámos este ciclo de filmes, maior que os anteriores.
LANÇAMENTO: LÁPIS DESAFIADO 1 Domingo, 19 de Maio, 18h
15 não escritores de Lisboa e do Porto foram desafiados a escrever. Deu um livro. A mostrar e a ler.
Será uma rotina algo digno de ser contado?
Junto ao rio devorei encontros não planeados e a vida tornou-se um sorriso.
Já sentia o cheiro a maresia.
Perdeu-se o chamamento da ordem.
Seguimos, vivos, para o cemitério vizinho.
Duas mãos.
Falas sempre tão baixinho.
A lagarta da Alice podia aparecer e falava ao telefone.
Merda! Já é tarde.
Pessoas andavam com as suas vidas às costas.
De molas nos pés.
Deu por si sentado a olhar-se ao espelho.
Sabia dos sentimentos.
Vestiu-se e pegou no telefone.
E então? É por isto?
Quinze citações, uma de cada texto que compõem este Lápis Desafiado 1. Quinze formas de dar forma a um desafio inicial. Quinze não escritores que desafiam a sua não condição e escrevem com a condição de respeitarem o desafio. Escreveram para esta edição: A Empregada, Clara, Toni, Pedro R., Selene e Endymion, Maria, Marta, Diana, Daniela, Ana da Palma, Artemísia Baco, Lois, Paulo, Carlota Joaquina e Youri.
Na quarta-feira, 15 de Maio, às 21h, o Lápis Desafiado 1 é lançado no Porto, na Casa Viva.
O CONHECIMENTO DA ARTE COM MARIA ALZIRA SEIXO A obra de Mário Dionísio apresentada em 6 sessões mensais Sábado, 20 de Abril, 16h
Continuam em Abril as sessões mensais, inseridas no ciclo «Mário Dionísio, escritor e outras coisas mais», sobre a obra literária de Mário Dionísio por Maria Alzira Seixo.
Nesta sessão vamos falar sobre o conhecimento da arte de Mário Dionísio: Osestudos sobre van Gogh, 1947 e 53, eJúlio Pomar, 1948. A Paleta e o Mundo, anos 50 e 60. Do saber à problematização. Da prática à pedagogia. Artes plásticas e artes literárias. A fruição da obra de arte em sequência de conhecimento.
Em seis sessões mensais, Maria Alzira Seixo, professora catedrática da Faculdade de Letras de Lisboa, apresenta a obra literária de Mário Dionísio. Depois de já termos falado sobre a Autobiografia, a crítica e o ensaio; sobre a poesia; sobre o conto; no mês seguinte abordaremos o romance; e por fim, em Junho, serão discutidas conclusões, dissenções e aberturas.
«[…] se pensarmos no seu ensaio a muitos títulos determinante, A Paleta e o Mundo, que tem um alcance que em muito ultrapassa o domínio das artes plásticas para ser uma longa, informada, completa e original meditação sobre as condições e a natureza da criação artística de uma maneira geral. Penso mesmo que se trata de um texto essencial no que respeita à consideração da problemática da evolução do modernismo para a contemporaneidade na cultura portuguesa, e que certos aspectos que parecem hoje estranhos na maneira nacional de lidar com a sensibilidade pós-moderna estão, de certo modo, contidos em reflexões e em perplexidades aí equacionadas pelo autor.» Maria Alzira Seixo, no texto «Mário Dionísio, cultor de imagens», publicado em «Não há Morte nem Príncipio» – a propósito da vida e obra de Mário Dionísio (Biblioteca-Museu República e Resistência, 1996)
O 25 DE ABRIL QUE TENHO NA CABEÇA Oficina Domingo, 21 de Abril, das 15h30 às 17h30
E se em cada esquina houvesse outra vez um amigo? E se, com a ajuda de Zé d’Almeida, José Smith Vargas e Marta Caldas, com papel, cartão, cola, pincéis, lápis, tintas os fizéssemos e colocássemos em cada esquina? E se no fim, com a ajuda de Youri Paiva, fossemos fotografar as ruas e as esquinas cheias de amigos?
Quase 40 anos depois de uma data que às vezes se esquece
Neste domingo vamos continuar a sua construção.
Para todos a partir dos 6 anos. A oficina continua no domingo, 28 de Abril.
CICLO A PALETA E O MUNDO III Modos de ver de John Berger Segunda-feira, 22 de Abril, 18h30
Na 3ª parte do ciclo «A Paleta e o Mundo» lemos obras que foram citadas em A Paleta e o Mundo de Mário Dionísio, ou obras de autores seus contemporâneos.
Nesta sessão é termina a leitura comentada, com projecção de imagens, de Modos de ver de John Berger por Inês Dourado.
CICLO DE CINEMA – DINHEIRO PARA QUE TE QUEREM A golpada de George Roy Hill Segunda-feira, 22 de Abril, 21h30
Nesta segunda-feira deste ciclo de cinema sobre o dinheiro, projectamos A golpada (1973, 129 min.) de George Roy Hill. Quem apresenta é João Rodrigues.
Parece que o centro do mundo é o dinheiro. A falta de dinheiro, o pouco dinheiro, o muito dinheiro, o demasiado dinheiro, o dinheiro guardado – a poupança até tem direito a dia mundial -, o dinheiro usado, o dinheiro roubado, o dinheiro emprestado, oferecido ou por oferecer, ou bem ou mal distribuído, e por aí fora.
Se todos tivéssemos dinheiro, não havia Banco Alimentar. Se todos tivéssemos dinheiro, não se morria à fome, nem havia misericórdias, nem ONGs de caridade, nem IPSSs, nem subsídios de desemprego e de reinserção (quando os há), etc., etc. Nem nasceriam zonas francas nem casinos. Nem quase seriam precisos tribunais que julgam assassinatos, roubos, heranças, partilhas, limites de propriedades… com o dinheiro ao centro.
O dinheiro é mesmo o centro do mundo. E, porque parece sê-lo cada vez mais, e sempre de outras maneiras, organizámos este ciclo de filmes, maior que os anteriores.
ENCONTRO DE LEITORES com Filomena Marona Beja
Quarta-feira, 24 de Abril, 14h30
Acontece nesta quarta-feira mais um encontro de leitores com a escritora Filomena Marona Beja, inserido no projecto «Palavras que o vento não levará».
Nas últimas quartas-feiras de cada mês acontece um encontro de leitores com um escritor, tendo a Biblioteca da Achada como sítio onde se podem encontrar livros para ler e falar, ouvir, ler e contar, dizer da sua justiça. Procurar nas estantes, livros para ler em casa. Passar aos outros o que sim, o que não.
O CONTO DE MÁRIO DIONÍSIO COM MARIA ALZIRA SEIXO A obra de Mário Dionísio apresentada em 6 sessões mensais Sábado, 16 de Março, 16h
Continuam em Março as sessões mensais, inseridas no ciclo «Mário Dionísio, escritor e outras coisas mais», sobre a obra literária de Mário Dionísio por Maria Alzira Seixo.
Em seis sessões mensais, Maria Alzira Seixo, professora catedrática da Faculdade de Letras de Lisboa, apresenta a obra literária de Mário Dionísio. Depois de em Janeiro termos falado sobre a Autobiografia, a crítica e o ensaio; em Fevereiro sobre a poesia; nos meses seguintes abordaremos, o conhecimento da arte, o romance; e por fim, em Junho, serão discutidas conclusões, dissenções e aberturas.
«Isso mesmo se verifica nos seus contos, que ficarão, desde O Dia Cinzento, de 1944, a marcar uma data na efabulação desse género tão difícil de caracterizar e de construir; versando sobretudo a matéria citadina, Mário Dionísio organiza os seus textos dos volumes de contos em torno de uma personagem central, que em geral acompanha com focalização interna em terceira pessoa narrativa, e que são por vezes as personagens de sensibilidade erradamente conduzida, segundo a mundividência do narrador, que procura compreendê-las, ver o mundo com os seus olhos e os seus preconceitos alienantes, detectar os movimentos exteriores de oscilações e dúvidas, de inquietações e de comodismos […]; outras vezes, simples atitudes do quotidiano, de incidência social mitigada, que dizem apenas respeito a condições mínimas do bem-estar e da felicidade que as convenções gerais contrariam, como no celebrado conto Assobiando à vontade, mas as atitudes pungentes de desespero sóbrio e calado, em situações-limite da dignidade e mesmo da sobrevivência humana, […] dão conta de uma variedade de enfoques de uma temática geral do desalento humano e da impossibilidade. Não há Morte nem Princípio e Monólogo a Duas Vozes retomam, no fundo, esta questão, aprofundando as seduções do acomodamento confortável, ou a redução das aspirações humanas mais nobres mediante a satisfação da necessidade íntima e urgente, e regressando, no segundo, ao conto, que agora se alarga a situações mais diversificadas, desenvolvendo por vezes um modo irónico que não lhe era habitual, e, talvez por isso mesmo, relativamente mais pacificado na relação com o mundo.» Maria Alzira Seixo, no texto «Mário Dionísio, cultor de imagens», publicado em «Não há Morte nem Príncipio» – a propósito da vida e obra de Mário Dionísio (Biblioteca-Museu República e Resistência, 1996)
CICLO A PALETA E O MUNDO III A arte de pintar de Klingsor
Segunda-feira, 18 de Março, 18h30
Na 3.ª parte do ciclo «A Paleta e o Mundo» lemos obras que foram citadas em A Paleta e o Mundo de Mário Dionísio, ou obras de autores seus contemporâneos.
Nesta sessão continua a leitura comentada, com projecção de imagens, de A arte de pintar de Tristan Klingsor, traduzido e anotado por Mário Dionísio, por Eduarda Dionísio.
CICLO DE CINEMA – DINHEIRO PARA QUE TE QUEREM O diabólico dr. Mabuse de Fritz Lang
Segunda-feira, 18 de Março, 21h30
Nesta segunda-feira deste ciclo de cinema sobre o dinheiro, projectamos O diabólico dr. Mabuse (1960, 103 min.) de Fritz Lang. Quem apresenta é Alberto Seixas Santos.
Parece que o centro do mundo é o dinheiro. A falta de dinheiro, o pouco dinheiro, o muito dinheiro, o demasiado dinheiro, o dinheiro guardado – a poupança até tem direito a dia mundial -, o dinheiro usado, o dinheiro roubado, o dinheiro emprestado, oferecido ou por oferecer, ou bem ou mal distribuído, e por aí fora.
Se todos tivéssemos dinheiro, não havia Banco Alimentar. Se todos tivéssemos dinheiro, não se morria à fome, nem havia misericórdias, nem ONGs de caridade, nem IPSSs, nem subsídios de desemprego e de reinserção (quando os há), etc., etc. Nem nasceriam zonas francas nem casinos. Nem quase seriam precisos tribunais que julgam assassinatos, roubos, heranças, partilhas, limites de propriedades… com o dinheiro ao centro.
O dinheiro é mesmo o centro do mundo. E, porque parece sê-lo cada vez mais, e sempre de outras maneiras, organizámos este ciclo de filmes, maior que os anteriores.
375 DESENHOS DE MARGARIDA ALFACINHA Quando uma dívida se torna uma dávida Sábado, 16 de Março, das 18h30 às 00h / Domingo, 17 de Março, das 18h30 às 21h
Margarida Alfacinha é Artista Plástica, Gerente de Loja, Mãe de 2 e uma cidadã ainda com muito para aprender sobre a cidadania.
«375 desenhos» é um projecto que nasce duma dívida (duma dor no estômago), de um problema, para o qual não parecia haver saída e sobre construção dessa saída.
Margarida tem uma dívida à Segurança Social e quer pagá-la com o seu trabalho criativo através da venda de 375 desenhos. Acredita que com o pagamento desta dívida para além de melhorar a sua vida, melhora a das pessoas que contam com as contribuições para as suas reformas e pensões.
375 desenhos com 24 x 15 cm, serão vendidos pelo valor simbólico de 20€ cada com o objectivo de pagar esta dívida e contribuir para uma sociedade melhor, mais justa e comunitária. Estas obras são assinadas e numeradas pela autora. Esta ideia assenta na premissa de que juntos ecom pouco, poderemos fazermuito e de que através da criatividade, podemos mudar o mundo à nossa volta.
Este projecto surge como um acto de resistência à paralisação pelo medo, à vergonha e ao isolamento das pessoas, face a uma adversidade.
Quando deparada com um problema real e ao perceber que não tinha nada a perder, soube que a única saída seria usar as ferramentas com as quais nasceu: a força, a coragem em usar os seus dotes para ajudar construir um presente e um futuro próprios ao serviço da liberdade.
A POESIA DE MÁRIO DIONÍSIO COM MARIA ALZIRA SEIXO A obra de Mário Dionísio apresentada em 6 sessões mensais Sábado, 23 de Fevereiro, 16h
Continuam estas sessões mensais, inseridas no ciclo «Mário Dionísio, escritor e outras coisas mais», sobre a obra literária de Mário Dionísio por Maria Alzira Seixo.
Em seis sessões mensais, Maria Alzira Seixo, professora catedrática da Faculdade de Letras de Lisboa, apresenta a obra literária de Mário Dionísio. Depois de em Janeiro termos falado sobre a Autobiografia, a crítica e o ensaio, nos meses seguintes abordaremos o conto, o conhecimento da arte, o romance; e por fim, em Junho, serão discutidas conclusões, dissenções e aberturas.
«Dizer, na relação de criar, foi, parece-nos, o essencial da actividade deste escritor, que sempre lidou com imagens, as da visão do mundo e as da sua expressão, as da configuração alienante e as de uma possível abertura de horizontes bloqueados. Daí que a sua preocupação cultural fosse sempre constante, e que o seu trabalho da palavra arriscasse sentidos que a procura do rigor e da nitidez não afastavam da perplexidade e da dúvida.» Maria Alzira Seixo, no texto «Mário Dionísio, cultor de imagens», publicado em «Não há Morte nem Príncipio» – a propósito da vida e obra de Mário Dionísio (Biblioteca-Museu República e Resistência, 1996)
Uma das participantes da sessão anterior, Manuela Degerine, escreveu um texto sobre o que aconteceu. Pode ser lido aqui, no blogue A viagem dos argonautas.
APROVEITAR OBJECTOS E MATERIAIS Oficina Domingo, 24 de Fevereiro, das 15h30 às 17h30
Nos domingos de Fevereiro vamos, com Irene van Es, aproveitar objectos e materiais à volta de tecidos. «A vida é feita de pequenos nadas» e «quem tem duas mãos tem tudo. E ter uma é mais que nada».
Depois de nas sessões passadas termos construído móbils a partir de feltro e pequenos bonecos a partir de tecidos e outros materiais, nesta sessão novos bonecos vamos fabricar.
Para todos a partir dos 6 anos.
CICLO A PALETA E O MUNDO III
Segunda-feira, 25 de Fevereiro, 18h30
Na 3ª parte do ciclo «A Paleta e o Mundo» lemos obras que foram citadas em A Paleta e o Mundo de Mário Dionísio, ou obras de autores seus contemporâneos.
Nesta sessão continua a leitura comentada, com projecção de imagens e exercícios de desenho, de A arte de pintar de Tristan Klingsor, traduzido e anotado por Mário Dionísio, por José Smith Vargas.
CICLO DE CINEMA – DINHEIRO PARA QUE TE QUEREM
Segunda-feira, 25 de Fevereiro, 21h30
Nesta segunda-feira deste ciclo de cinema sobre o dinheiro, projectamos Benvindo, Mr. Marshall (1953, 78 min.) de Luis Garcia Berlanga. Quem apresenta é Vítor Silva Tavares.
Parece que o centro do mundo é o dinheiro. A falta de dinheiro, o pouco dinheiro, o muito dinheiro, o demasiado dinheiro, o dinheiro guardado – a poupança até tem direito a dia mundial -, o dinheiro usado, o dinheiro roubado, o dinheiro emprestado, oferecido ou por oferecer, ou bem ou mal distribuído, e por aí fora.
Se todos tivéssemos dinheiro, não havia Banco Alimentar. Se todos tivéssemos dinheiro, não se morria à fome, nem havia misericórdias, nem ONGs de caridade, nem IPSSs, nem subsídios de desemprego e de reinserção (quando os há), etc., etc. Nem nasceriam zonas francas nem casinos. Nem quase seriam precisos tribunais que julgam assassinatos, roubos, heranças, partilhas, limites de propriedades… com o dinheiro ao centro.
O dinheiro é mesmo o centro do mundo. E, porque parece sê-lo cada vez mais, e sempre de outras maneiras, organizámos este ciclo de filmes, maior que os anteriores.
A OBRA LITERÁRIA DE MÁRIO DIONÍSIO por Maria Alzira Seixo Sábado, 26 de Janeiro, 16h
É neste sábado que acontece a primeira sessão, inserida no ciclo «Mário Dionísio, escritor e outras coisas mais», sobre a obra literária de Mário Dionísio por Maria Alzira Seixo.
Nesta sessão, «Autobiografia, críticae ensaio», vamos falar sobre as Fichas, o estudo sobre Guilherme de Azevedo (1946), o caso Redol, os prefácios (anos 50 a 70), e a Autobiografia (1986).
Em seis sessões mensais, Maria Alzira Seixo, professora catedrática da Faculdade de Letras de Lisboa, apresenta a obra literária de Mário Dionísio. Nos outros meses trataremos a poesia, o conto, o conhecimento da arte, o romance; e por fim, em Junho, serão discutidas conclusões, dissenções e aberturas.
«Dizer, na relação de criar, foi, parece-nos, o essencial da actividade deste escritor, que sempre lidou com imagens, as da visão do mundo e as da sua expressão, as da configuração alienante e as de uma possível abertura de horizontes bloqueados. Daí que a sua preocupação cultural fosse sempre constante, e que o seu trabalho da palavra arriscasse sentidos que a procura do rigor e da nitidez não afastavam da perplexidade e da dúvida.» Maria Alzira Seixo, no texto «Mário Dionísio, cultor de imagens», publicado em «Não há Morte nem Príncipio» – a propósito da vida e obra de Mário Dionísio (Biblioteca-Museu República e Resistência, 1996)
OFICINA DE BANDA DESENHADA Domingo, 27 de Janeiro, das 15h às 18h
Nos domingos de Janeiro acontece mais uma oficina, desta vez de Banda Desenhada, com José Smith Vargas.
Experimentar um meio de expressão simples, eficaz e com possibilidades infinitas, unindo texto e imagem, mesmo para quem pensa que não sabe desenhar.
Para todos a partir dos 12 anos. Última sessão desta oficina.
CICLO A PALETA E O MUNDO III
Segunda-feira, 28 de Janeiro, 18h30
Na 3ª parte do ciclo «A Paleta e o Mundo» lemos obras que foram citadas em A Paleta e o Mundo de Mário Dionísio, ou obras de autores seus contemporâneos.
Nesta sessão continua a leitura comentada, com projecção de imagens e exercícios de desenho, de A arte de pintar de Tristan Klingsor, traduzido e anotado por Mário Dionísio, por José Smith Vargas.
CICLO DE CINEMA – DINHEIRO PARA QUE TE QUEREM
Segunda-feira, 28 de Janeiro, 21h30
Nesta segunda-feira deste novo ciclo de cinema sobre o dinheiro, projectamos Tráfico (1998, 112 min.) de João Botelho, que vem apresentar o filme.
Parece que o centro do mundo é o dinheiro. A falta de dinheiro, o pouco dinheiro, o muito dinheiro, o demasiado dinheiro, o dinheiro guardado – a poupança até tem direito a dia mundial -, o dinheiro usado, o dinheiro roubado, o dinheiro emprestado, oferecido ou por oferecer, ou bem ou mal distribuído, e por aí fora.
Se todos tivéssemos dinheiro, não havia Banco Alimentar. Se todos tivéssemos dinheiro, não se morria à fome, nem havia misericórdias, nem ONGs de caridade, nem IPSSs, nem subsídios de desemprego e de reinserção (quando os há), etc., etc. Nem nasceriam zonas francas nem casinos. Nem quase seriam precisos tribunais que julgam assassinatos, roubos, heranças, partilhas, limites de propriedades… com o dinheiro ao centro.
O dinheiro é mesmo o centro do mundo. E, porque parece sê-lo cada vez mais, e sempre de outras maneiras, organizámos este ciclo de filmes, maior que os anteriores.
PROJECÇÃO E DEBATE CASO REPÚBLICA Terça-feira, 29 de Janeiro, 21h30
Nesta noite projectamos o documentário Caso República (República: journal du peuple, 1998, 55 min.) de Ginette Lavigne. Após a projecção há debate com a presença da realizadora e dos jornalistas Adelino Gomes e Margarida Silva Dias.
Sinopse: Portugal 1975. Há um ano que a «revolução dos cravos» faz sonhar. Em nome do poder popular, fábricas, terras e casas são ocupadas. Em Maio de 1975, o jornal diário República é ocupado pela comissão de trabalhadores. Este acontecimento cristaliza de súbito tudo o que está em jogo na revolução portuguesa: a luta já não é entre a direita e a esquerda, mas entre a esquerda revolucionária e a esquerda parlamentar. Os media internacionais percebem claramente o que está em causa: durante dois meses, o «caso República» está nas primeiras páginas. Portugal 1998. Alguns actores desta história: administrativos, jornalistas, tipógrafos, recordam o sucedido.
«O lugar do espectador só pode ser o do mal-estar: o que lhe é dado a ver é precisamente o que historicamente foi riscado como presença, olhar, escuta, desejo, amor, revolta. Mas acontece que o povo ausente hoje, cuja ausência as nossas três personagens marcam, esse povo estava presente ontem – foi filmado, os arquivos mostram-no, a despedir os patrões, a ocupar as mansões, a tomar conta dos jornais… a fazer a revolução. O cinema rasga o tempo. A presença tornou-se ausência: a ausência, presença. Como diz um dos senhores, um jornalista socialista, o caso República é inimaginável hoje. Ele seria impossível, impensável. Pensemos nisso.» Jean-Louis Comolli
APRESENTAÇÃO DA REVISTA GOLPE D’ASA nº 2 Sábado, 26 de Janeiro, 18h30
A Casa da Achada recebe a apresentação do nº 2 da revista de poesia Golpe d’Asa, proposta pela sua direcção.
O poeta convidado do caderno central, José-Alberto Marques (autor do 1.º poema concreto português), fará uma performance com hino pessoal.
OFICINA O NATAL ESTÁ NAS NOSSAS MÃOS
Domingo, 23 de Dezembro, das 15h30 às 17h30
Nesta última oficina deste ano, com Irene van Es e Lena Bragança Gil, vamos meter as mãos à obra e fazer prendas, brincar com os materiais que há à nossa volta: frascos, tintas, cartões, tecidos, botões, caixas de ovos, madeiras, e por aí fora…
Para todos a partir dos 6 anos.
MÁRIO DIONÍSIO, ESCRITOR E OUTRAS COISAS MAIS
Sábado, 29 de Dezembro, 16h
Nesta sessão, do ciclo «Mário Dionísio, escritor e outras coisas mais», Eduarda Dionísio vem falar-nos de o que Mário Dionísio escreveu nos jornais depois do 25 de Abril. Mário Dionísio foi presença habitual em vários jornais – O Jornal, Diário de Lisboa, A Capital, Expresso, Jornal de Letras e Artes, Vértice, etc – sobre vários assuntos: a arte e a cultura, a política e a sociedade, o ensino e a educação.
«Ponham-se então as coisas no seu verdadeiro pé: nem a arte muda se o homem que a produz não mudou já ou está mudando, nem tal mudança rapidamente se opera, nem a sua expressão estética se produz mecanicamente e de chofre.» Mário Dionísio, em «Ir ao povo», publicado em O Jornal em 1975.
«Enquanto os partidos de esquerda (onde começará e acabará hoje a esquerda?) se desentendem e brincam à Unidade, que é o mais perigoso dos jogos se não se toma a sério, o fascismo, não interessa com que nome ou nomes, organiza-se, infiltra-se, cresce, aceita a mão que lhe estendem, instala-se civilizadamente ou ataca selvaticamente na rua com a protecção das «forças da Ordem» chamada «democrática».
Entretanto, um jovem de 18 ou 19 anos caiu para sempre por repelir o fascismo e porque, nas circunstâncias dadas, defender o fascismo era «legal» e ilegal atacá-lo.
Não foi o primeiro, não será o último. Teremos bem a consciência do que isto significa – no nosso presente e no nosso futuro?» Mário Dionísio, em «Legalmente assassinado», sobre o assassinato de José Jorge Morais, publicado no Diário de Lisboa em 1978.
Nas segundas-feiras 24 e 31 de Dezembro não se realizam as leituras inseridas no ciclo «A Paleta e o Mundo III» nem as projecções de cinema.
O ciclo de leituras continua em Janeiro com a leitura de A arte de pintar de Tristan Klingsor e nas segundas-feiras à noite vamos ter um novo ciclo de cinema: «Dinheiro para que te querem».
O CORO DA ACHADA CANTA EM SETÚBAL
Sexta-feira, 21 de Dezembro, 21h30
Casa da Cultura, Setúbal
entrada: 3€
O Coro da Achada nasceu em Junho de 2009. Quando se pensava em convidar um coro para cantar na abertura da Casa da Achada, alguém provocou «Porque não fazemos nós um coro?». E fizemos mesmo. Começou a funcionar todas as quartas-feiras às 21h30.
Avançámos com a ideia de um coro que cantasse canções com textos do Mário Dionísio e outras: canções de luta de todo o mundo e de épocas diferentes (na língua original ou traduzidas), algumas canções populares portuguesas, canções pouco cantadas, canções que por alguma razão nos entusiasmam e nos libertam.
HISTÓRIAS DA HISTÓRIA O 25 de Novembro
Sexta-feira, 23 de Novembro, 18h
Nesta sessão vamos falar sobre a o 25 de Novembro de 1975 com Duran Clemente.
Neste ciclo, «histórias da História», conversaremos sobre efemérides da História, contemporâneas de Mário Dionísio, pensando sempre também no que se passa hoje. Porque há coisas de que se fala hoje – como a tão badalada «crise» – que não são coisas novas, algumas nunca deixaram de existir, outras ressurgiram em sítios e alturas diferentes. Já falámos sobre a ascenção de Hitler ao poder, sobre a Comuna de Paris, sobre as «aparições» de Fátima, sobre a Guerra Civil de Espanha e o franquismo nas populações de fronteira e sobre a independência da Guiné.
MÁRIO DIONÍSIO E O ENSINO
Sábado, 24 de Novembro, 16h
Nesta sessão, do ciclo «Mário Dionísio, escritor e outras coisas mais», Maria Emília Diniz vem falar-nos de Mário Dionísio e o ensino, em particular sobre o seu papel na reforma educativa de 1974.
«Não chegou a ser [um papel] na reforma [do ensino após o 25 de Abril]. Eu presidia a uma grande comissão de estudo da reforma educativa, isto é, nós – eu com os meus cem colegas, deviam ser aproximadamente cem professores – conseguimos, num curto prazo de dois ou três meses, remendar – não foi mais do que remendar – os programas e introduzir já algumas alterações. Mas não chegou a ser uma reforma… Depois, eu saí do Ministério, os ministros mudaram, seguiu-se por outros caminhos. De facto, não tenho qualquer responsabilidade no que se passa hoje no ensino, excepto no ter contribuído para a criação de uma cadeira, como por exemplo Educação Visual, e doutra, Música, que infelizmente me parece que continua a não existir no ponto com que sonhavam os meus colaboradores. Mas o problema é realmente muito complicado, muito complexo, e eu, que na faculdade fui professor de pessoas que já estão a ser professores – muitos deles, uma grande quantidade deles… Apavora-me um pouco e dá-me um pouco a impressão de que é quase irreversível.» Mário Dionísio, numa entrevista no programa «De mãos dadas» de Maria Júlia Guerra, na RDP, emitida a 1 de Maio de 1986 (disponível em Entrevistas (1945-1991))
OFICINA DA MÚSICA ÀS PALAVRAS
Domingo, 25 de Novembro, das 15h30 às 17h30
Nos domingos deste mês, com Cristina Mora, acontece a 2ª parte desta oficina, em que a partir da música chegamos às palavras.
Trata-se de estimular a percepção auditiva e a prática musical. Os instrumentos preferenciais de trabalho são a voz e as palavras (palavras isoladas, sequências de palavras, pequenos textos) e trabalhar o ritmo, a melodia a harmonia, o timbre, a textura…
A oficina é aberta a todos, quer tenham participado na 1ª parte ou não. A partir dos 6 anos.
CICLO A PALETA E O MUNDO III
Segunda-feira, 26 de Novembro, 18h30
Na 3ª parte do ciclo «A Paleta e o Mundo» lemos obras que foram citadas ou que estão relacionadas com A Paleta e o Mundo de Mário Dionísio.
Nesta sessão continuamos a leitura comentada, com projecção de imagens, de Lições do passado de Georg Schmidt, que foi director do Museu de Belas-Artes da Basileia. Quem lê é Rui-Mário Gonçalves.
«O texto de Georg Schmidt liga este volume ao primeiro da nossa Histoire de la Peinture Moderne, de Baudelaire à Bonnard, de Maurice Raynal. Para o leitor que não tenha seguido os desenvolvimentos que apresentávamos nessa última obra, ele constitui uma introdução indispensável ao estudo que dedicaremos mais especificamente ao Fauvismo e ao Expressionismo, visto que toda a história da pintura do século XIX se encontra aí resumida numa síntese sugestiva, com as suas correntes principais, as suas tendências, as suas escolas e as personalidades excepcionais que o marcaram, desde Ingres a Bonnard, passando por Delacroix, Courbet, Manet, Monet, Cézanne, Gauguin, Van Gogh e Toulouse-Lautrec.
É só nessa perspectiva que surge o verdadeiro significado dos dois movimentos, o Fauvismo e o Expressionismo, sobre os quais nos debruçamos aqui.» Texto introdutório de Histoire de la peinture moderne: Matisse, Munch, Rouault, fauvisme et expressionnisme, editado pela Skira em 1950.
CICLO LITERATURA E CINEMA
Segunda-feira, 26 de Novembro, 21h30
Nesta sessão projectamos Gente de Dublin (1987, 83 min.) de John Huston, a partir da obra de James Joyce.
Quem apresenta é João Rodrigues.
O cinema é (ou já foi) mais popular que a literatura. O facto é que muito cinema se foi fazendo com a literatura, a partir dela. São muitos e muitos os livros transformados em cinema. Uns terão sido desfeitos pelo cinema, outros refeitos. Há quem ache que o cinema pode levar à literatura (e pôr mais gente a ler) e quem ache que é o cinema que a mata.
Este ciclo é uma selecção de filmes feitos a partir de obras literárias, umas mais famosas do que outras, e de várias épocas. Tentamos assim fazer pensar sobre estas duas linguagens e a sua relação.
Mário Dionísio, que muito pensou e escreveu sobre a literatura e o cinema, entendeu que a linguagem da literatura é uma e a do cinema é outra. E é isso que enriquece o mundo e nos enriquece. Só assim se pode continuar a ler romances e a ver filmes com gosto. Mesmo quando o «assunto» é o mesmo.
MÁRIO DIONÍSIO, ESCRITOR E OUTRAS COISAS MAIS
Sábado, 20 de Outubro, 16h
Por motivos alheios a sessão de «Mário Dionísio, escritor e outras coisas mais», programada para o sábado passado, foi adiada para este sábado, dia 20 de Outubro.
Nesta sessão António Carlos Cortez vem falar-nos sobre os dois últimos livros de poemas deMário Dionísio: Le feu qui dort e Terceira idade.
Une pluie de taureaux est tombée sur la ville
Comme les autres peu à peu j’ai accepté mon sort
en creusant dans la chair 1’ennui de mon asile
Tout est tranquille enfin chez moi Enfin tout dort
Les souvenirs et les désirs et les remords
tout doucement s’étiolent
Adieu les rêves et les colères qui s’envolent
sans amertume et sans regret
Mais sous la peau de tout mon corps
dans les replis les plus caches comment le taire
le feu qui dort est éveillé
Mário Dionísio, Le feu qui dort
Acaso interessa
a data do nascimento
ou a de agora?
A nossa idade é a do mundo
A dele a nossa
Ao longe lenta uma carroça
leva-nos mortos para o
fundo do tempo
E ele ali mesmo recomeça a
toda a hora
Mário Dionísio, Terceira idade
OFICINA «INVENTAR FABRICANDO»
Domingo, 21 de Outubro, das 15h30 às 17h30
Em Outubro continuamos a oficina «Inventar fabricando» – que não se destina só aos que participaram nela em Agosto, mas também a novas mãos que se queiram juntar.
A partir de objectos de cozinha fizeram-se outros objectos, muitos, que serão antes personagens. Foram nascendo quase histórias. E ainda mais histórias nascerão em Outubro. E se delas fizéssemos livros?
Mais invenções, mais fabricos, mais aprendizagens. Pierre Pratt, desenhador, volta a convidar Filomena Marona Beja, escritora, que já se meteu ao barulho.
Para todos a partir dos 6 anos.
CICLO A PALETA E O MUNDO III
Segunda-feira, 22 de Outubro, 18h30
Na 3ª parte do ciclo «A Paleta e o Mundo» lemos obras que foram citadas ou que estão relacionadas com A Paleta e o Mundo de Mário Dionísio.
Nesta sessão continuamos a leitura comentada, com projecção de imagens, de Lições do passado de Georg Schmidt, que foi director do Museu de Belas-Artes da Basileia, por Rui-Mário Gonçalves.
«O texto de Georg Schmidt liga este volume ao primeiro da nossa Histoire de la Peinture Moderne, de Baudelaire à Bonnard, de Maurice Raynal. Para o leitor que não tenha seguido os desenvolvimentos que apresentávamos nessa última obra, ele constitui uma introdução indispensável ao estudo que dedicaremos mais especificamente ao Fauvismo e ao Expressionismo, visto que toda a história da pintura do século XIX se encontra aí resumida numa síntese sugestiva, com as suas correntes principais, as suas tendências, as suas escolas e as personalidades excepcionais que o marcaram, desde Ingres a Bonnard, passando por Delacroix, Courbet, Manet, Monet, Cézanne, Gauguin, Van Gogh e Toulouse-Lautrec.
É só nessa perspectiva que surge o verdadeiro significado dos dois movimentos, o Fauvismo e o Expressionismo, sobre os quais nos debruçamos aqui.» Texto introdutório de Histoire de la peinture moderne: Matisse, Munch, Rouault, fauvisme et expressionnisme, editado pela Skira em 1950.
CICLO LITERATURA E CINEMA
Segunda-feira, 22 de Outubro, 21h30
Nesta sessão projectamos Pagos a dobrar (1944, 107 min.) de Billy Wilder, a partir do romance de James M. Cain.
Quem apresenta é João Pedro Bénard.
O cinema é (ou já foi) mais popular que a literatura. O facto é que muito cinema se foi fazendo com a literatura, a partir dela. São muitos e muitos os livros transformados em cinema. Uns terão sido desfeitos pelo cinema, outros refeitos. Há quem ache que o cinema pode levar à literatura (e pôr mais gente a ler) e quem ache que é o cinema que a mata.
Este ciclo é uma selecção de filmes feitos a partir de obras literárias, umas mais famosas do que outras, e de várias épocas. Tentamos assim fazer pensar sobre estas duas linguagens e a sua relação.
Mário Dionísio, que muito pensou e escreveu sobre a literatura e o cinema, entendeu que a linguagem da literatura é uma e a do cinema é outra. E é isso que enriquece o mundo e nos enriquece. Só assim se pode continuar a ler romances e a ver filmes com gosto. Mesmo quando o «assunto» é o mesmo.
MÁRIO DIONÍSIO, ESCRITOR E OUTRAS COISAS MAIS Sábado, 13 de Outubro, 16h / ADIADO PARA SÁBADO, 20 DE OUTUBRO, 16H
Nesta sessão, do ciclo «Mário Dionísio, escritor e outras coisas mais», António Carlos Cortez vem falar-nos sobre os dois últimos livros de poemas deMário Dionísio: Le feu qui dort e Terceira idade.
Une pluie de taureaux est tombée sur la ville
Comme les autres peu à peu j’ai accepté mon sort
en creusant dans la chair 1’ennui de mon asile
Tout est tranquille enfin chez moi Enfin tout dort
Les souvenirs et les désirs et les remords
tout doucement s’étiolent
Adieu les rêves et les colères qui s’envolent
sans amertume et sans regret
Mais sous la peau de tout mon corps
dans les replis les plus caches comment le taire
le feu qui dort est éveillé
Mário Dionísio, Le feu qui dort
Acaso interessa
a data do nascimento
ou a de agora?
A nossa idade é a do mundo
A dele a nossa
Ao longe lenta uma carroça
leva-nos mortos para o
fundo do tempo
E ele ali mesmo recomeça a
toda a hora
Mário Dionísio, Terceira idade
OFICINA «INVENTAR FABRICANDO»
Domingo, 14 de Outubro, das 15h30 às 17h30
Em Outubro continuamos a oficina «Inventar fabricando» – que não se destina só aos que participaram nela em Agosto, mas também a novas mãos que se queiram juntar.
A partir de objectos de cozinha fizeram-se outros objectos, muitos, que serão antes personagens. Foram nascendo quase histórias. E ainda mais histórias nascerão em Outubro. E se delas fizéssemos livros?
Mais invenções, mais fabricos, mais aprendizagens. Pierre Pratt, desenhador, volta a convidar Filomena Marona Beja, escritora, que já se meteu ao barulho.
Para todos a partir dos 6 anos.
CICLO A PALETA E O MUNDO III
Segunda-feira, 15 de Outubro, 18h30
Na 3ª parte do ciclo «A Paleta e o Mundo» lemos obras que foram citadas ou que estão relacionadas com A Paleta e o Mundo de Mário Dionísio.
Nesta sessão continuamos a leitura comentada, com projecção de imagens, de Lições do passado de Georg Schmidt, que foi director do Museu de Belas-Artes da Basileia, por Rui-Mário Gonçalves.
«O texto de Georg Schmidt liga este volume ao primeiro da nossa Histoire de la Peinture Moderne, de Baudelaire à Bonnard, de Maurice Raynal. Para o leitor que não tenha seguido os desenvolvimentos que apresentávamos nessa última obra, ele constitui uma introdução indispensável ao estudo que dedicaremos mais especificamente ao Fauvismo e ao Expressionismo, visto que toda a história da pintura do século XIX se encontra aí resumida numa síntese sugestiva, com as suas correntes principais, as suas tendências, as suas escolas e as personalidades excepcionais que o marcaram, desde Ingres a Bonnard, passando por Delacroix, Courbet, Manet, Monet, Cézanne, Gauguin, Van Gogh e Toulouse-Lautrec.
É só nessa perspectiva que surge o verdadeiro significado dos dois movimentos, o Fauvismo e o Expressionismo, sobre os quais nos debruçamos aqui.» Texto introdutório de Histoire de la peinture moderne: Matisse, Munch, Rouault, fauvisme et expressionnisme, editado pela Skira em 1950.
CICLO LITERATURA E CINEMA
Segunda-feira, 15 de Outubro, 21h30
Nesta sessão projectamos Uma abelha na chuva (1972, 75 min.) de Fernando Lopes, a partir do romance de Carlos de Oliveira.
Quem apresenta é Nuno Júdice.
O cinema é (ou já foi) mais popular que a literatura. O facto é que muito cinema se foi fazendo com a literatura, a partir dela. São muitos e muitos os livros transformados em cinema. Uns terão sido desfeitos pelo cinema, outros refeitos. Há quem ache que o cinema pode levar à literatura (e pôr mais gente a ler) e quem ache que é o cinema que a mata.
Este ciclo é uma selecção de filmes feitos a partir de obras literárias, umas mais famosas do que outras, e de várias épocas. Tentamos assim fazer pensar sobre estas duas linguagens e a sua relação.
Mário Dionísio, que muito pensou e escreveu sobre a literatura e o cinema, entendeu que a linguagem da literatura é uma e a do cinema é outra. E é isso que enriquece o mundo e nos enriquece. Só assim se pode continuar a ler romances e a ver filmes com gosto. Mesmo quando o «assunto» é o mesmo.
MONÓLOGO A DUAS VOZES
O livro de contos Monólogo a duas vozes (1986) de Mário Dionísio, que se encontra esgotado, está disponível para leitura na nossa página.
MÁRIO DIONÍSIO, ESCRITOR
Sábado, 15 de Setembro, 16h
Inicialmente marcada em Julho, foi adiada para esta data a sessão, inserida no ciclo «Mário Dionísio, escritor e outras coisas mais», sobre a obra literária de Mário Dionísio, com Maria Alzira Seixo.
«Dizer, na relação de criar, foi, parece-nos, o essencial da actividade deste escritor, que sempre lidou com imagens, as da visão do mundo e as da sua expressão, as da configuração alienante e as de uma possível abertura de horizontes bloqueados. Daí que a sua preocupação cultural fosse sempre constante, e que o seu trabalho da palavra arriscasse sentidos que a procura do rigor e da nitidez não afastavam da perplexidade e da dúvida.» Maria Alzira Seixo, em «Não há Morte nem Príncipio» – a propósito da vida e obra de Mário Dionísio (1996)
OFICINA DE CASTELHANO
Domingo, 16 de Setembro, das 15h30 às 17h30
Em Setembro temos uma nova oficina. Em cinco domingos vamos aprender a falar, ler e escrever melhor castelhano com Ana Rita Laureano.
Perceber o porquê da expressão «no te entiendo» e desmontar ideias rápidas que temos da língua. Dar ferramentas para os participantes aprenderem a língua falando e fazendo. E descobrir e não repetir os vícios do «portunhol».
Nesta sessão, como primeiro prato, vamos tratar de «Falsos amigos». Nas sessões seguintes, o segundo prato será «Traduttore traditore»; e a sobremesa «Parceiros».
Para quem tiver algum conhecimento na língua. A partir dos 16 anos. Quem quiser pode trazer textos para serem trabalhados.
CICLO A PALETA E O MUNDO III
Segunda-feira, 17 de Setembro, 18h30
Na 3ª parte do ciclo «A Paleta e o Mundo» lemos obras que foram citadas em A Paleta e o Mundo de Mário Dionísio, ou obras de autores seus contemporâneos.
Continua a leitura, com projecção de imagens das obras citadas, de Tratado da paisagem (1939) de André Lhote. Quem lê é José Smith Vargas.
«(…) O pintor aprendiz saberá finalmente que quanto mais tentar ser ele próprio mais se afastará da simpatia do público e da crítica, porque o público está sempre a falar da personalidade do artista, no fundo só gosta das fórmulas cuja chave já possui. Tem as suas manias: ontem só enaltecia a exactidão do desenho, a pureza do modelo, o respeito pela cor local, etc. hoje, o que encanta é a liberdade de feitura, o simulacro da improvisação. Ora, apesar do que se poderia imaginar, o registo das sensações, se por um lado é gerador de espontaneidade nos trabalhos preparatórios, desenhos ou esboços, acaba quando se trata de os colocar à escala de trabalhos monumentais, descamba em inabilidade, rigidez e arrependimento onde se vislumbra o debate interior que tentei desajeitadamente descrever. Quando mais se fala em humanizar a arte mais se fica cego diante desses traços autênticos do mais humano dos dramas da arte. Não há nada a fazer: tudo o que autentifica o génio tal como ele surge nas obras de Cézanne, Van Gogh e Seurat, mestres da sensação directa, será hostil para a maioria, e a regra é morrer, como esses “três grandes”, perfeitamente desconhecido.
Com isto espero dissuadir bastantes jovens da ideia que a pintura é uma distracção ou um ganha-pão.» André Lhote, excerto do prefácio de Tratado da paisagem (edição de 1946).
CICLO DE CINEMA AO AR LIVRE QUEM CANTA SEUS MALES ESPANTA
Segunda-feira, 17 de Setembro, 21h30
Os tempos vão maus. Uns choram e outros cantam. Por aqui, continuamos a mostrar o que alguns fizeram nas vidas que foram tendo. Este ciclo de cinema, porque é verão e ao ar livre, tem muita música – que a música é uma boa forma de dizer coisas. É bom ouvir música ao ar livre. E ver o mundo enquanto se ouve música. E pensar. Nas vidas dos outros e nas nossas – as de cada um e também na da Casa da Achada. E falar depois de ter ouvido cantar. Um alívio uma vez por semana, quando o cerco é grande.
Nesta sessão projectamos É sempre a mesma cantiga (On connaît La Chanson, 1997, 120 min.) de Alain Resnais.
Quem apresenta é Eduarda Dionísio.
Sinopse: Simon está secretamente apaixonado por Camille. Na sequência de um mal entendido, Camille apaixona-se por Marc. Marc, um charmoso agente imobiliário, e o patrão de Simon, tenta vender um apartamento a Odile, a irmã de Camille. Odile está determinada a comprar o apartamento, apesar da desaprovação do seu marido, Claude. Claude, um homem aparentemente insignificante, não vê com bons olhos o regresso de Nicolas, depois de muitos e longos anos. Nicolas, velho amigo de Odile, torna-se confidente de Simon…
ÚLTIMOS DIAS DA EXPOSIÇÃO VER AGORA MELHOR O MAIS DISTANTE
Até 24 de Setembro, durante o horário de abertura
Lembramos que a exposição «Ver agora melhor o mais distante», de textos de Regina Guimarães a partir de pinturas e desenhos de Mário Dionísio, pode ser visitada até ao dia 24 de Setembro.
A exposição junta cerca de trinta obras plásticas de Mário Dionísio (pintura, alguns desenhos e uma tapeçaria) e os textos que Regina Guimarães escreveu a partir deles.
LIVROS DAS NOSSAS VIDAS – O som e a fúria de Faulkner
Quinta-feira, 23 de Agosto, 18h
Nesta sessão Maria João Brilhante vem falar-nos de O som e a fúria de William Faulkner.
27.ª sessão de uma série com periodicidade mensal, a partir de livros e autores referidos por Mário Dionísio num depoimento sobre «Os livros da minha vida».
SILÊNCIO – um documentário de António Loja Neves
Sexta-feira, 24 de Agosto, 18h
Na sequência da sessão do ciclo «histórias da História» do mês de Julho, sobre a Guerra Civil de Espanha e o franquismo nas populações de fronteira no norte de Portugal e na Galiza, em que contámos com a participação de Paula Godinho, projectamos O Silêncio, documentário de António Loja Neves, proposto pelo próprio durante a sessão.
Na sessão participam António Loja Neves e Paula Godinho.
«No comovente filme de António Loja Neves e José Manuel Alves O Silêncio, enrolado em si mesmo, numa posição quase fetal, um homem desfia um sofrimento longo, a partir dum acontecimento que viveu com 16 anos e que lhe mudou a vida, tornando-lhe os sonhos improváveis. Trata-se de Arlindo Espírito Santo, que viu grande parte da sua família ser presa em Dezembro de 1946, na aldeia de Cambedo da Raia, no concelho de Chaves, encostada à Galiza. Ali decorreu um episódio sangrento e tardio, ainda em resultado do golpe franquista em 18 de Julho de 1936.» Paula Godinho, «Cambedo da Raia, 1946»
MÁRIO DIONÍSIO, SOCIAL E POLÍTICO
Sábado, 25 de Agosto, 16h
Nesta sessão, do ciclo «Mário Dionísio, escritor e outras coisas mais», Eduarda Dionísio vem falar-nos sobre a intervenção social e política de Mário Dionísio.
«Ouço o grande silêncio. Vejo-o. Toco-lhe quase. Estou sentado, no meio da cozinha lajeada, olhando lá para fora pela janela alta e estreita. A manifestação (com tiros!) em S. Pedro de Alcântara, éramos todos estudantes. Encontros nocturnos na cerca da Faculdade de Ciências, falava-se em voz baixa, muito baixa, com o portão fechado, quem é que tinha a chave? Um grito alegre na praia da Ericeira, alguém correndo, um abraço tão forte que nos deita ao chão, é o Ramos da Costa muito novo, que eu julgava ainda preso, «saí ontem!». E o Zé Gomes, o Carlos, o Cochofel, ainda antes da tertúlia do «Bocage». E as massas transbordantes do dia da Vitória: bandeirinhas dos aliados nas ruas, nas varandas, nas lapelas, excepto a da URSS, é claro, e por isso se gritava: «Todas! Todas! Todas!» E novamente a marcha cautelosa sob as águas. Sempre outra vez a marcha cautelosa sob as águas. Sacões de esperança: o Norton, o «Santa Maria» navegando envolto em lenda, apelando em vão ao mundo inteiro, o Humberto Delgado antes de lhe arrancarem as estrelas. Anos e anos de crime, digamos o que dissermos, consentido. Até ao tal amanhecer: Aqui, posto de comando das Forças Armadas. Escancarado o portão de Caxias. O regresso dos exilados perante mares de gente gritante e confiante, até parecia um povo. O primeiro 1.° de Maio em liberdade, nas ruas, nas janelas, nos andaimes dos prédios em construção. Seria mesmo um povo?
E outros momentos. Soltos. Deslumbrantes na opaca escuridão do que não volta mais. Cada um terá os seus, a sua história privada, a sua respiração. A última reunião da Comissão de Escritores do MUD, a que tinha pertencido toda a gente (faltavam às vezes cadeiras) e a que, por fim, já só compareciam, inutilmente renitentes, três pessoas: a Manuela Porto, o Flausino Torres, eu. Que coordenava o sector desde a própria ideia de o formar. Como o dos artistas (arquitectos, pintores, escultores, desenhadores, fotógrafos, publicitários) que, a partir de 46, fizeram juntos as suas Exposições num clima de entusiasmo e unidade como nunca houvera no país nem sei se, exactamente assim, terá voltado a haver.» Mário Dionísio, Autobiografia (1987)
OFICINA INVENTAR FABRICANDO
Domingo, 26 de Agosto, das 15h30 às 17h30
Em Agosto há uma oficina diferente: «Inventar fabricando» ou «As mãos sujas», com Pierre Pratt.
Desta vez, o Pierre convida vossas excelências a sujar as mãos, e talvez um bocadinho da vossa roupa e por isso convinha trazer uma camisola que só espera ficar mais suja de tintas (laváveis, claro, mas nunca se sabe se se pode realmente confiar no rótulo do frasco das tintas, e também do detergente).
Vamos, a partir de objectos do nosso dia-a-dia, ou do dia-a-dia dos outros, dar-lhes outras vidas, e eles até vão gostar!
Venham todos, porque en août, plus on est de fous, plus on rit (em Agosto, quanto mais louco se é, mais se ri), como se diz na minha terra!
Aqui podem ver como foi a primeira sessão desta oficina, em que se fabricaram animais a partir de objectos de cozinha; na segunda sessão fabricaram-se, a partir de objectos com forma de animais, personagens humanas. Na terceira sessão foram-se preparando os cenários para estas personagens. Nesta quarta sessão vamos acabar os cenários para inventar uma história para cada uma delas.
Para todos a partir dos 6 anos.
CICLO A PALETA E O MUNDO III
Segunda-feira, 27 de Julho, 18h30
Na 3ª parte do ciclo «A Paleta e o Mundo» lemos obras que foram citadas em A Paleta e o Mundo de Mário Dionísio, ou obras de autores seus contemporâneos.
Continua a leitura, com projecção de imagens das obras citadas, de Tratado da paisagem (1939) de André Lhote. Quem lê é Manuela Torres.
«(…) O pintor aprendiz saberá finalmente que quanto mais tentar ser ele próprio mais se afastará da simpatia do público e da crítica, porque o público está sempre a falar da personalidade do artista, no fundo só gosta das fórmulas cuja chave já possui. Tem as suas manias: ontem só enaltecia a exactidão do desenho, a pureza do modelo, o respeito pela cor local, etc. hoje, o que encanta é a liberdade de feitura, o simulacro da improvisação. Ora, apesar do que se poderia imaginar, o registo das sensações, se por um lado é gerador de espontaneidade nos trabalhos preparatórios, desenhos ou esboços, acaba quando se trata de os colocar à escala de trabalhos monumentais, descamba em inabilidade, rigidez e arrependimento onde se vislumbra o debate interior que tentei desajeitadamente descrever. Quando mais se fala em humanizar a arte mais se fica cego diante desses traços autênticos do mais humano dos dramas da arte. Não há nada a fazer: tudo o que autentifica o génio tal como ele surge nas obras de Cézanne, Van Gogh e Seurat, mestres da sensação directa, será hostil para a maioria, e a regra é morrer, como esses “três grandes”, perfeitamente desconhecido.
Com isto espero dissuadir bastantes jovens da ideia que a pintura é uma distracção ou um ganha-pão.» André Lhote, excerto do prefácio de Tratado da paisagem (edição de 1946).
CICLO DE CINEMA AO AR LIVRE QUEM CANTA SEUS MALES ESPANTA
Segunda-feira, 27 de Julho, 21h30
Os tempos vão maus. Uns choram e outros cantam. Por aqui, continuamos a mostrar o que alguns fizeram nas vidas que foram tendo. Este ciclo de cinema, porque é verão e ao ar livre, tem muita música – que a música é uma boa forma de dizer coisas. É bom ouvir música ao ar livre. E ver o mundo enquanto se ouve música. E pensar. Nas vidas dos outros e nas nossas – as de cada um e também na da Casa da Achada. E falar depois de ter ouvido cantar. Um alívio uma vez por semana, quando o cerco é grande.
Nesta sessão projectamos A fláuta mágica (1975, 135 min.) de Ingmar Bergman.
Quem apresenta é João Paulo Esteves da Silva.
INAUGURAÇÃO DA EXPOSIÇÃO: «VER AGORA MELHOR O MAIS DISTANTE» textos de Regina Guimarães a partir da pinturas de Mário Dionísio Sexta-feira, 1 de Junho, 18h
A Casa da Achada – Centro Mário Dionísio apresenta uma nova exposição que junta cerca de trinta obras plásticas de Mário Dionísio (pintura, alguns desenhos e uma tapeçaria) e os textos que Regina Guimarães escreveu a partir deles.
Alguns dos textos podem ser lidos aqui.
Na inauguração será lançado o livro-catálogo, Ver agora melhor o mais distante, que reproduz os mais de 100 textos de Regina Guimarães sobre quadros de Mário Dionísio, assim como os quadros que lhes deram origem. Esta publicação inclui um texto do crítico de artes plásticas Rui-Mário Gonçalves (que no dia seguinte nos vem falar sobre a pintura de Mário Dionísio), que se tem ocupado das relações entre pintura e literatura.
A inauguração conta com a presença de Regina Guimarães e serão lidos alguns dos textos da autora.
A exposição pode ser visitada até ao dia 24 de Setembro.
«Qual a fronteira entre a abstracção e a figuração? Eis uma verdadeira falsa questão. Quer entendamos por abstracção a operação pela qual conseguimos separar uma parte do todo, quer prefiramos ver nela o processo mental pelo qual as ideias se distanciam dos objectos, quer nos contentemos com o enlevo próprio do sujeito absorto, estado algo próximo da (amiúde proveitosa) distracção, toda a pintura contém forçosamente todos esses modos do pensamento. Seja ela muito discretamente racional ou muito descaradamente sensual – de resto, este tipo de oposições não resistem a um curto exercício de cepticismo… É isto que subtilmente nos diz (entre outras coisas) esta tela, em que um camponês – que não havia mas passa a haver – se mostra em armas – que não existiam e o pintor começou a inventar. A este camponês que não existe, Mário Dionísio oferece a tensão das cores e formas, pelo que, armado, ele logo tende a existir, sob um modo provocatório que não deixa de evocar aquilo que José Gomes Ferreira dizia da/à camponesa Dulcineia, companheira de Quixote. A saber: “Dulcineia, Dulcineia, deixe de ser ideia…”.» Regina Guimarães, sobre a pintura «Camponês armado»
CONVERSA SOBRE A PINTURA DE MÁRIO DIONÍSIO com Rui-Mário Gonçalves Sábado, 2 de Junho, 16h
Nesta sessão de «Mário Dionísio, escritor e outras coisas mais», Rui-Mário Gonçalves vem falar sobre a pintura na obra de Mário Dionísio.
«Muitas vezes, certamente, Dionísio se terá aproximado da tela convencido de que iria servir o realismo; e afinal servia o abstraccionismo. Até que, em 1963, lhe apareceu “A Visita Inesperada“, o seu primeiro quadro abstracto. É uma tela subdividida em numerosas áreas de formato semi-regular, todas sensivelmente com a mesma escala e dispostas ortogonalmente. Esta estrutura anima-se com os contrastes de cores e de valores luminosos, e com um ou outro elemento discordante, um círculo, uma diagonal, uma forma curva, surpreendendo os nossos olhos.» Rui-Mário Gonçalves, «Presença de Mário Dionísio», catálogo da exposição de Mário Dionísio na galeria Nasoni(1989)
Nesta 4ª sessão sobre as várias facetas da obra de Mário Dionísio, acontece um encontro sobre o seu papel como professor, e quem nos vem falar disso é Rui Canário, também professor e investigador na área das ciências da educação. Rui Canário realizou uma palestra sobre Mário Dionísio e a Educação, «Criar e viver», na abertura da Casa da Achada, em 2009, que pode ser consultada aqui.
«As linhas gerais da reforma da educação portuguesa só podem ser as que conduzam à real democratização da sociedade portuguesa e a consolidem. Não há democratização possível sem que se dêem a todos os portugueses (sublinhar bem todos) condições iguais de acesso à cultura, visando, simultaneamente, o processo de descoberta e realização das tendências e aptidões de cada um e a sua integração num plano geral de desenvolvimento de todo o povo português. E nada disto é possível sem que as medidas de carácter pedagógico e didáctico, que urge tomar, se articulem com profundas alterações de carácter económico, social e político. Falar em reforma da educação é falar em reforma de todas as estruturas, ou, mais honestamente, em revolução.» Mário Dionísio, «”Sinais & circunstâncias”: Depoimento de Mário Dionísio» (Junho de 1974), Entrevistas (1945-1991).
OFICINA DE TRADUÇÃO
Domingo, 6 de Maio, das 15h30 às 17h30
Em três sessões orientadas por três pessoas diferentes – Miguel Serras Pereira (6 de Maio), João Paulo Esteves da Silva (20 de Maio) e Regina Guimarães (27 de Maio) – vamos aprender e partilhar técnicas de tradução: como escrever, os sentidos das palavras, problemas e pormenores.
Para todos a partir dos 16 anos.
CICLO A PALETA E O MUNDO III
Segunda-feira, 7 de Maio, 18h30
Na 3ª parte do ciclo «A Paleta e o Mundo» lemos obras que foram citadas em A Paleta e o Mundo de Mário Dionísio, ou obras de autores seus contemporâneos.
Nesta sessão começa a leitura do capítulo «Determinação de (R)» do livro O que é a arte? (1940) de Abel Salazar, com projecção de imagens, por Carla Mota e Helena Barradas.
«E, no entanto, o cuidado com aquilo a que, por grosseira mas forçosa aproximação, chamamos forma, a invenção apaixonada da forma, a honesta construção da forma, o entranhado amor da forma não é mais que a consciência aguda do problema da expressão. Não é um entrave para o pensamento, um inimigo do pensamento. Inventar formas – sinal glorioso do poder do homem – é, bem pelo contrário, tornar o mais precioso possível o que, só por elas, se revela ser o nosso pensamento. “Na escolha de uma forma”, escreveu Pius Servien, “alguma coisa é ainda investigação de fundo (…). É ainda como que uma des coberta no seio da descoberta, alguma coisa que se passa no plano do conteúdo positivo.”
Isto mesmo terá levado Abel Salazar a concluir que “criar e compor em arte são termos quase sinónimos”. Isto mesmo nos levará a compreender que os vícios (que os há) do chamado «formalismo» não estão no zelo desta invenção constantemente recomeçada de uma nova realidade que é o próprio corpo da arte. Que a doença está noutro lado.» Mário Dionísio, «O sonho e as mãos – II», Entre palavras e cores – alguns dispersos (1937-1990)
CICLO DE CINEMA «POLÍTICA UMA VEZ POR SEMANA» Segunda-feira, 7 de Maio, 21h30
Agora que parece que temos pouco que ver com política, embora ela nos determine a vida quotidianamente, apresentamos o ciclo de cinema «Política uma vez por semana». A política não é só a do poder, ou as vias mais ou menos legais para o alcançar, mas também levantamentos populares, lutas pequenas (ou grandes), revoltas e revoluções, de que a História e as nossas vidas se fazem. É impossível separar a Política da História. E a arte – o cinema incluído – tem política dentro.
Nesta sessão deste ciclo, a propósito de Maio de 68 – e o que lhe antecedeu -, projectamos Até breve, espero (1967, 44 min.) Chris Marker e Um filme como os outros (1968, 100 min.) de Jean-Luc Godard. Quem apresenta é António Rodrigues.
ENTRELINHAS O desenho em Mário Dionísio e seus contemporâneos
Sábado, 31 de Março, 16h
Neste encontro, da série «Mário Dionísio, escritor e outras coisas mais», vamos falar sobre o desenho na obra de Mário Dionísio e de outros artistas seus contemporâneos, incidindo sobre vários aspectos do desenho dos anos 30 a 50 do século XX.
Paula Ribeiro Lobo, curadora da exposição «Sonhar com as mãos», e organizadora desta sessão, vem falar-nos sobre o desenho na obra de Mário Dionísio. Sobre o desenho neo-realista fala David Santos, director do Museu do Neo-Realismo. O desenho surrealista em Portugal será tratado por Bruno Marques. Também analisaremos o desenho em dois artistas em particular: Almada Negreiros por Filomena Serra, e Maria Helena Vieira da Silva por Marina Bairrão Ruivo.
«Autodidacta, Mário Dionísio reteve das leituras de André Lhote um “conselho” que influenciaria toda a sua produção pictórica e gráfica: “desenhar é preparar de antemão o lugar para a cor”. Desta concepção do desenho como meio para alcançar a pintura nunca conseguiu libertar-se. Mesmo na fase abstracta, a mão fugia para o traço colorido e contrariava a vontade de partir para as telas com grandes manchas de tinta: “O desenho prende-me e grande parte do esforço posterior será o de alterá-lo, disfarçá-lo, destruí-lo, esquecer-me dele o mais depressa possível”, escreveria num diário de 1983.» Paula Ribeiro Lobo, «A necessidade de ver claro», Sonhar com as mãos – O desenho na obra de Mário Dionísio(2011)
QUEM TEM DUAS MÃOS TEM TUDO Oficinas de fabricos vários
Domingo, 1 de Abril, das 15h30 às 17h30
No mês de Abril as oficinas serão diferentes em cada domingo. Nesta primeira sessão, com Irene van Es, vamos construir objectos com missangas: brincos, colares e outras coisas que se tenha vontade de fazer.
Nos domingos seguintes vamos fazer ilustrações e construir berimbaus.
Para todos a partir dos 6 anos.
Número máximo de participantes: 10.
CICLO A PALETA E O MUNDO III Segunda-feira, 2 de Abril, 18h30
Na 3ª parte do ciclo «A Paleta e o Mundo» lemos obras que foram citadas em A Paleta e o Mundo de Mário Dionísio, ou de obras de autores seus contemporâneos.
Nesta sessão, Pedro Rodrigues continua a leitura, com projecção de imagens e audição de peças musicais, de Introdução à música moderna (1941) de Fernando Lopes-Graça.
«O esforço de Fernando Lopes Graça e de todos os seus colaboradores tem sido de uma importância primordial e decisiva nesta luta pela seriedade da actividade musical. O compositor que se desdobra em regente de orquestra e em organizador de coros, em executante e em ensaiador, em conferencista e em autor de livros de divulgação, e o grupo de colaboradores que ele próprio tem sabido fazer nascer à sua volta, são pedras fundamentais dessa mesma luta que, abrindo a sensibilidade e a inteligência do público para a arte dos sons, está evitando, pelos seus próprios meios e no escalão que lhe compete, a possibilidade monstruosa de uma vida sem música.» Mário Dionísio, «Contra uma vida sem música», Entre palavras e cores – alguns dispersos (1937-1990)
CICLO DE CINEMA RIR UMA VEZ POR SEMANA Segunda-feira, 2 de Abril, 21h30
Em tempos sombrios como estes que vivemos, rir é já alguma coisa. Estes filmes, para além de fazerem rir, fazem pensar. No modo como vivemos, na sociedade em que vivemos, e até nos instrumentos para a transformar.
Nesta noite, a última deste ciclo de cinema, projectamos Os grandes aldrabões (1933, 68 min.) de Leo McCarey com os Irmãos Marx. Quem apresenta é João Rodrigues.
Na segunda-feira seguinte, 9 de Abril, começa um novo ciclo de cinema: «Política uma vez por semana».
Nesta 21.ª sessão de uma série com periodicidade mensal, a partir de livros e autores referidos por Mário Dionísio num depoimento sobre «Os livros da minha vida», Maria Alzira Seixo fala de Peregrinação de Fernão Mendes Pinto.
MÁRIO DIONÍSIO, ESCRITOR E OUTRAS COISAS MAIS
Sábado, 18 de Fevereiro, 16h
Após uma primeira sessão desta rubrica – em que foram lidos, a várias vozes, textos autobiográficos -, nesta 2ª sessão vamos saber mais sobre uma faceta pouco conhecida da obra de Mário Dionísio: o desenho.
Quem vem falar sobre o desenho na obra de Mário Dionísio é Paula Ribeiro Lobo, curadora da exposição ‹‹Sonhar com as mãos››, patente na Casa da Achada até ao dia 20 de Abril.
‹‹Autodidacta, Mário Dionísio reteve das leituras de André Lhote um “conselho” que influenciaria toda a sua produção pictórica e gráfica: “desenhar é preparar de antemão o lugar para a cor”. Desta concepção do desenho como meio para alcançar a pintura nunca conseguiu libertar-se. Mesmo na fase abstracta, a mão fugia para o traço colorido e contrariava a vontade de partir para as telas com grandes manchas de tinta: “O desenho prende-me e grande parte do esforço posterior será o de alterá-lo, disfarçá-lo, destruí-lo, esquecer-me dele o mais depressa possível”, escreveria num diário de 1983.››
Continuação da oficina de desenho de técnicas mistas – lápis, grafite, carvão, pincéis, canetas, aguarelas –, iniciada em Novembro, com a orientação de Carla Mota, a partir da exposição ‹‹Sonhar com as mãos – O desenho na obra de Mário Dionísio››.
A partir dos 6 anos. Número máximo de participantes: 10.
CICLO A PALETA E O MUNDO III
Segunda-feira, 20 de Fevereiro, 18h30
Depois da leitura de ‹‹Conflito e unidade da arte contemporânea›› de Mário Dionísio, agora seguimos para a leitura de um autor seu contemporâneo – e seu conhecido -, Bento de Jesus Caraça. Quem lê e comenta a conferência ‹‹A arte e cultura popular›› (1936), com projecção de imagens, é José Smith Vargas.
CICLO DE CINEMA RIR UMA VEZ POR SEMANA
Segunda-feira, 20 de Fevereiro, 21h30
Em tempos sombrios como estes que vivemos, rir é já alguma coisa. Estes filmes, para além de fazerem rir, fazem pensar. No modo como vivemos, na sociedade em que vivemos, e até nos instrumentos para a transformar.
Nesta noite temos uma sessão especial para novos e menos novos em férias escolares: projectamos O homem da manivela (1928, 69 min.) de Edward Sedgwick, com Buster Keaton. Quem apresenta é António Rodrigues.
Ó PRIMA!
De 16 a 21 de Fevereiro
O Ó Prima! – Encontro de Teatro do Oprimido e Activismo, organizado por várias associações e grupos diferentes, decorre em vários locais de Lisboa, um deles é na Casa da Achada. Durante estes dias haverá formação em teatro do oprimido, sendo as noites e o último dia dedicados à projecção de filmes, peças de teatro e debates. Deixamos aqui a programação que vai passar na Casa da Achada:
Quinta-feira, 16 de Fevereiro, 21h
Projecção do documentário Metaxis
Sexta-feira, 17 de Fevereiro, 21h
Sessão de Teatro-Fórum: Estudantes por Empréstimo
Sábado, 18 de Fevereiro, 21h
Projecção do documentário Jana Sanskriti, um Teatro em Campanha
Domingo, 19 de Fevereiro, 21h
Sessão de Teatro-Fórum: Quem decide as tempestades?
Terça-feira, 21 de Fevereiro, a partir das 15h
Apresentação da peça resultante da formação Ó Prima! 2012
Mesa redonda: Teatro do Oprimido e movimentos sociais
No próximo sábado, 14 de Janeiro, pelas 16h, damos início a uma nova rubrica: ‹‹Mário Dionísio, escritor e outras coisas mais››. Nesta primeira sessão vamos pôr Mário Dionísio a contar-se a si próprio com a leitura, a várias vozes, de textos autobiográficos, acompanhados por projecção de imagens. Este conjunto de textos e imagens foi já apresentado numa sessão sobre Mário Dionísio em Alhos Vedros.
Nessa tarde, às 18h, acontece o encontro anual dos Amigos da Casa da Achada. Este encontro serve para ter ideias, críticas, sugestões vindas daqueles que a frequentam ou nela trabalham ou que simplesmente vão seguindo, mesmo de longe, o que se vai fazendo. E que ajudam a manter a casa, até do ponto de vista financeiro.
No domingo, das 15h30 às 17h30, voltamos à oficina de Teatro Comunitário. Nesta 2ª sessão, orientada por Rita Wengorovius e pelo Teatro Umano, vamos fazer um chá comunitário: beber palavras, engolir pontos de exclamação, procurar vírgulas, adoçar frases, ritmar parágrafos, ouvir o que as chávenas nos contam dos seus habitantes, escrever as nossas histórias na toalha, rodeados de hortelã e ervas doces. Tragam uma chávena.
Na segunda-feira, 16 de Janeiro, às 18h30, continua a leitura de Conflito e unidade da arte contemporânea (1957) de Mário Dionísio, inserido no ciclo ‹‹A Paleta e o Mundo III››. Quem lê e comenta, com projecção de imagens das obras citadas, é Eduarda Dionísio.
À noite, pelas 21h30, projectamos o segundo filme inserido no ciclo de cinema ‹‹Rir uma vez por semana››. Nesta sessão projectamos Polícias e ladrões (1951, 109 min.) de Mario Monicelli e Sceno. Quem apresenta é Sónia Gabriel.