16 a 18 de Março: O conto de Mário Dionísio por Maria Alzira Seixo; Leitura de ‘A arte de pintar’; Cinema com ‘O diabólico dr. Mabuse’ de Fritz Lang; 375 desenhos de Margarida Alfacinha
O CONTO DE MÁRIO DIONÍSIO
COM MARIA ALZIRA SEIXO
A obra de Mário Dionísio apresentada em 6 sessões mensais
Sábado, 16 de Março, 16h
Continuam em Março as sessões mensais, inseridas no ciclo «Mário Dionísio, escritor e outras coisas mais», sobre a obra literária de Mário Dionísio por Maria Alzira Seixo.
Nesta sessão vamos falar sobre os livros de contos de Mário Dionísio: O dia cinzento (1944) e O dia cinzento e outros contos (1967), neo-realismo de expressão urbana, ambientes, acção e linguagem; Monólogo a duas vozes (1986), autonímia narrativa, conflito e sátira; A morte é para os outros (1988), realismo reflexivo e formas de alteridade.
Em seis sessões mensais, Maria Alzira Seixo, professora catedrática da Faculdade de Letras de Lisboa, apresenta a obra literária de Mário Dionísio. Depois de em Janeiro termos falado sobre a Autobiografia, a crítica e o ensaio; em Fevereiro sobre a poesia; nos meses seguintes abordaremos, o conhecimento da arte, o romance; e por fim, em Junho, serão discutidas conclusões, dissenções e aberturas.
«Isso mesmo se verifica nos seus contos, que ficarão, desde O Dia Cinzento, de 1944, a marcar uma data na efabulação desse género tão difícil de caracterizar e de construir; versando sobretudo a matéria citadina, Mário Dionísio organiza os seus textos dos volumes de contos em torno de uma personagem central, que em geral acompanha com focalização interna em terceira pessoa narrativa, e que são por vezes as personagens de sensibilidade erradamente conduzida, segundo a mundividência do narrador, que procura compreendê-las, ver o mundo com os seus olhos e os seus preconceitos alienantes, detectar os movimentos exteriores de oscilações e dúvidas, de inquietações e de comodismos […]; outras vezes, simples atitudes do quotidiano, de incidência social mitigada, que dizem apenas respeito a condições mínimas do bem-estar e da felicidade que as convenções gerais contrariam, como no celebrado conto Assobiando à vontade, mas as atitudes pungentes de desespero sóbrio e calado, em situações-limite da dignidade e mesmo da sobrevivência humana, […] dão conta de uma variedade de enfoques de uma temática geral do desalento humano e da impossibilidade.
Não há Morte nem Princípio e Monólogo a Duas Vozes retomam, no fundo, esta questão, aprofundando as seduções do acomodamento confortável, ou a redução das aspirações humanas mais nobres mediante a satisfação da necessidade íntima e urgente, e regressando, no segundo, ao conto, que agora se alarga a situações mais diversificadas, desenvolvendo por vezes um modo irónico que não lhe era habitual, e, talvez por isso mesmo, relativamente mais pacificado na relação com o mundo.»
Maria Alzira Seixo, no texto «Mário Dionísio, cultor de imagens», publicado em «Não há Morte nem Príncipio» – a propósito da vida e obra de Mário Dionísio (Biblioteca-Museu República e Resistência, 1996)
Sobre a primeira sessão escreveu Manuela Degerine no blogue A viagem dos argonautas.
CICLO A PALETA E O MUNDO III
A arte de pintar de Klingsor
Segunda-feira, 18 de Março, 18h30
Na 3.ª parte do ciclo «A Paleta e o Mundo» lemos obras que foram citadas em A Paleta e o Mundo de Mário Dionísio, ou obras de autores seus contemporâneos.
Nesta sessão continua a leitura comentada, com projecção de imagens, de A arte de pintar de Tristan Klingsor, traduzido e anotado por Mário Dionísio, por Eduarda Dionísio.
CICLO DE CINEMA – DINHEIRO PARA QUE TE QUEREM
O diabólico dr. Mabuse de Fritz Lang
Segunda-feira, 18 de Março, 21h30
Nesta segunda-feira deste ciclo de cinema sobre o dinheiro, projectamos O diabólico dr. Mabuse (1960, 103 min.) de Fritz Lang. Quem apresenta é Alberto Seixas Santos.
Parece que o centro do mundo é o dinheiro. A falta de dinheiro, o pouco dinheiro, o muito dinheiro, o demasiado dinheiro, o dinheiro guardado – a poupança até tem direito a dia mundial -, o dinheiro usado, o dinheiro roubado, o dinheiro emprestado, oferecido ou por oferecer, ou bem ou mal distribuído, e por aí fora.
Se todos tivéssemos dinheiro, não havia Banco Alimentar. Se todos tivéssemos dinheiro, não se morria à fome, nem havia misericórdias, nem ONGs de caridade, nem IPSSs, nem subsídios de desemprego e de reinserção (quando os há), etc., etc. Nem nasceriam zonas francas nem casinos. Nem quase seriam precisos tribunais que julgam assassinatos, roubos, heranças, partilhas, limites de propriedades… com o dinheiro ao centro.
O dinheiro é mesmo o centro do mundo. E, porque parece sê-lo cada vez mais, e sempre de outras maneiras, organizámos este ciclo de filmes, maior que os anteriores.
Ver aqui a restante programação do ciclo.
375 DESENHOS DE MARGARIDA ALFACINHA
Quando uma dívida se torna uma dávida
Sábado, 16 de Março, das 18h30 às 00h / Domingo, 17 de Março, das 18h30 às 21h
Margarida Alfacinha é Artista Plástica, Gerente de Loja, Mãe de 2 e uma cidadã ainda com muito para aprender sobre a cidadania.
«375 desenhos» é um projecto que nasce duma dívida (duma dor no estômago), de um problema, para o qual não parecia haver saída e sobre construção dessa saída.
Margarida tem uma dívida à Segurança Social e quer pagá-la com o seu trabalho criativo através da venda de 375 desenhos. Acredita que com o pagamento desta dívida para além de melhorar a sua vida, melhora a das pessoas que contam com as contribuições para as suas reformas e pensões.
375 desenhos com 24 x 15 cm, serão vendidos pelo valor simbólico de 20€ cada com o objectivo de pagar esta dívida e contribuir para uma sociedade melhor, mais justa e comunitária. Estas obras são assinadas e numeradas pela autora. Esta ideia assenta na premissa de que juntos e com pouco, poderemos fazer muito e de que através da criatividade, podemos mudar o mundo à nossa volta.
Este projecto surge como um acto de resistência à paralisação pelo medo, à vergonha e ao isolamento das pessoas, face a uma adversidade.
Quando deparada com um problema real e ao perceber que não tinha nada a perder, soube que a única saída seria usar as ferramentas com as quais nasceu: a força, a coragem em usar os seus dotes para ajudar construir um presente e um futuro próprios ao serviço da liberdade.
Margarida vive em Lisboa há 37 anos.