Ouvido de Tísico nº 17
2 de Agosto de 2020Acabámos de pôr online o Ouvido de Tísico nº 17, que ouvimos no quintal da Casa da Achada no passado 25 de Julho e, ao mesmo tempo, na Rádio Paralelo: A QUEBRA DO RAMERRAME E DA LUFA-LUFA E AQUILO QUE AS PESSOAS, ENTRE OUTRAS COISAS, SE PUSERAM A FAZER.
![](http://noticias.centromariodionisio.org/wp-content/uploads/ouvido-tisico-pq-212x300.jpg)
https://archive.org/details/ot17
«Um dia vou compor uma música sobre o romper do dia no Alabama…» «Sim, sim, depois falamos disso melhor, mas agora não posso…» «Gosto tanto de pintar, mas nunca tenho tempo…» «Se eu soubesse fazer um vídeo, mas não sei como se faz…»
Em Março e Abril deste ano, para muitas pessoas (não todas…) aconteceu o impensável: os seus obrigatórios, inquestionáveis, imprescindíveis trabalhos pararam. E fecharam as lojas, acabaram os grandes espectáculos, fomos aconselhados a nem sair à rua. E de repente, nasceram rádios amadoras, multiplicaram-se na internet vídeos com pessoas a fazer leituras, a dar aulas de italiano ou a partilhar receitas recém-descobertas, colectivos descobriram como fazer música ou teatro, em conjunto, à distância. Em pessoas que eu julgava que conhecia, descobria agora surpreendentes actores, músicos videastas, radialistas, poetas, pintores… E adormeci várias noites a pensar na frase do Marx tantas vezes citada por Mário Dionísio: «Numa sociedade sem exploradores nem explorados não haverá pintores, mas pessoas que, entre outras coisas, pintam».
Neste Ouvido de Tísico vamos dar um passeio por algumas destas coisas que as pessoas, entre outras coisas, se puseram a fazer durante a quarentena.
Nas sessões «Ouvido de Tísico» a proposta é escutar. Fácil? Difícil? Num mundo que nos quer entupir os ouvidos, nós queremos continuar a fazer cócegas ao caracol. Ouvir-se-ão textos de vários autores, saladas musicais, documentos desencantados do Centro de Documentação da Casa da Achada, discos do princípio ao fim, entrevistas, enfim, de tudo um pouco. Pode-se ouvir de pé ou sentado, sentado ou deitado. Pode ouvir-se de olhos fechados ou abertos, abertos ou semicerrados. Pode-se desenhar enquanto se ouve, ou escrever, ou não fazer mais do que… ouvir.
Por Diana Dionísio.