Poema / Quadro 12
Do livro Solicitações e emboscadas, lançado em 1945 por Mário Dionísio, saltou este «Domingo». E o poema pôs-se à escuta de um quadro de Marc Chagall de 1924, o «Violinista verde».
DOMINGO
cego ao fim da rua e o violino
e este sol indolente de domingo
soprando um ameaço de beleza
nas cabeças despenteadas
que surgem por acaso nas janelas
Abarcando tudo entrando em tudo
a música do cego ao fim da rua
insistente errada mas dormente
sem uma esmola no chapéu
E eu indiferente a tudo isto?
Que se passa Música de cego
que tanto me buliste sempre até cá dentro?
É a força que nasce?
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