A Kantata do Tecto Incerto
Chegámos quase ao fim de uma caminhada que começámos há anos, quando surgiu a vontade de fazer uma nova «kantata», à semelhança do que foi em 2013 a Kantata de Algibeira (ver aqui).
A ideia era a criação colectiva de um espectáculo, um coro de vozes, construído por quem não está acostumado a ter voz, que desse a ouvir as suas inquietações, reflexões e propostas sobre os problemas da habitação, neste mundo em que as cidades se transformam em tabuleiros de Monopólio.
A busca por financiamentos que não chegaram atrasou o arranque dos trabalhos. Até que, no fim de 2020, um crowdfunding que teve a participação de cerca de 200 pessoas nos deu novo alento.
Infelizmente, novas peripécias nos esperavam: primeiro, a pandemia do COVID, que tudo paralisou; depois, a morte de Margarida Guia, pessoa fundamental para a realização da anterior Kantata d’Algibeira e que teria também em mãos a construção desta nova Kantata do Tecto Incerto.
Fomos assim obrigados a reinventar o projecto. Reunimos uma equipa um pouco diferente da inicialmente pensada e reagendámos os trabalhos.
Em Fevereiro de 2022 demos início a uma série de encontros entre Luiz Rosas (da associação Cardan, de Amiens, que combate a iliteracia e cuja Philharmonique des mots inspirou estas kantatas) e pessoas variadas, afectadas por problemas de habitação. A partir das conversas geradas, Regina Guimarães (autora também do texto da Kantata d’Algibeira) escreveu um libreto.
Em Abril, começaram novos encontros entre algumas daquelas pessoas e ainda outras, sem experiência de palco, que, orientadas pelos trabalhos de música e de cena de Nicolas Brites, Pedro Rodrigues e João Caldas, se envolveram num processo que culminou, em Julho, com a apresentação da Kantata do Tecto Incerto, primeiro no Teatro S. Luiz, depois no Largo da Achada. Foi ainda apresentada uma fatia da Kantata na associação Sirigaita.
Esta caminhada ainda não chegou ao fim. Por estes dias, a Casa da Achada está a preparar uma exposição sobre o processo de construção Kantata do Tecto Incerto, que inaugurará no fim do mês de Julho. Para além disso, o grupo de pessoas que a fez está a avaliar a possibilidade de poder voltar a reunir-se para novas apresentações a partir de Setembro.
A Casa da Achada – Centro Mário Dionísio deseja mais uma vez agradecer a todos os que tornaram a Kantata do Tecto Incerto possível. Aos sócios e amigos da Casa da Achada que tiveram esta vontade, que desenharam e redesenharam planos, que montaram e ajudaram a divulgar a campanha de crowdfunding, que propuseram a participação de outros amigos, que trabalharam, voluntariamente, para a realização desta ideia. A todos os que participaram, financeiramente, no crowdfunding que tornou possível a remuneração de alguns dos trabalhos de criação e o pagamento das despesas de produção. Ao Teatro de S. Luiz que acolheu a estreia do espectáculo. Finalmente, àqueles que meteram mais as mãos na massa da Kantata: Luiz Rosas, Regina Guimarães, Nicolas Brites, Pedro Rodrigues, João Caldas, Catarina Carvalho, que se encarregou de toda a produção, Inês Nogueira, que deu uma “mãozinha” na voz; a todos aqueles que participaram nas conversas e encontros desta caminhada; e aos que subiram à cena: Alessandra Esposito, Ana Baltazar, Ana Gago, Ana Mourão, Ana Paula Silva, Anabela Cardoso, Antonio Gori, Artur Pispalhas, Camille Bourdeau, Carla Costa, Carla Pinheiro, Carlos Quintelas, Clara Amaro, Clara Pelotte, Cláudia Oliveira, Fernando Afonso, Fernando Chaínço, Françoise Bourchenin, Ilda Feteira, Jesús Manuel, João Neves, Jorge Aurélio, Jorge Ramalho, Julia Geiger, Leonor Domingos Antunes, Maria Gomes, Maria João Costa, Marlisa Conceição, Olga Germano, Paula Silva, Pedro Ferreira, Raquel de Castro, Rosa Santos, Rosário Conceição, Rubina Oliveira, Susana Baeta, Susana Domingos Gaspar, Teresa Mamede, Teresa Valério.
A Kantata é uma casa de chegada ou de partida?
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