COM UM V NA VOLTA
Em Janeiro a Casa da Achada estará aberta no seu horário normal de funcionamento*, mas não haverá nenhuma das actividades a que estamos habituados. Não existirão sessões de cinema, nem leituras d’A Paleta e o Mundo, nem oficinas, nem as sessões das diversas rubricas organizadas pelo Centro Mário Dionísio.
A Zona Pública estará aberta, sendo possível visitar a exposição «10 artistas de que Mário Dionísio falou» e utilizar a Biblioteca Pública para ler ou requisitar livros.
As únicas sessões que se realizarão serão as dedicadas ao Vítor Ribeiro, o Maçariku, nosso companheiro e sócio fundador da Casa da Achada – Centro Mário Dionísio, nos dias 17, 18, 23 e 24. Estas sessões estão incluídas num programa maior, que contará também com a apresentação de filmes na Cinemateca Portuguesa e um concerto na Sociedade Guilherme Cossoul (ver programa abaixo).
* Segundas, quintas e sextas-feiras das 15h às 20h; sábados e domingos das 11h às 18h.
Maçariku, aliás Vítor Ribeiro, fez de tudo no cinema, no teatro, em associações culturais e organizações políticas. Lutou pela liberdade dentro e fora da cabeça, contra o racismo, o militarismo, a exploração. Trocava artes, coisas e ideias, fazia com e para os outros e coleccionava amigos no meio disso. Organizou centenas de encontros e concertos, participou em grandes e pequenos combates, fez de tudo com rebeldia, resistiu até não mais poder. Maçariku cultivou as amizades como quem semeia desobediência, entusiasmo, internacionalismo. Morreu em Agosto passado, e deixou tanta coisa, tanta gente.
A Casa da Achada e amigos propõem e convidam a participar numa série de sessões a partir dele, com uma diversidade de actividades que nunca será capaz de dar conta de uma vida tão rica e intensa, mas tenta pelo menos pegar nas suas coisas, nas suas ideias, nos seus modos de ser e passar as coisas aos outros.
Amigos e conhecidos intervêm, mostram-se máquinas velhas e outras a funcionar, há músicas, conversas, poemas e ferramentas, mostram-se filmes feitos por ele e filmes com ele lá dentro (na Casa da Achada – Centro Mário Dionísio), e ainda uma série de filmes da sua colecção (na Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema). Para terminar, um concerto resistente a pensar no que vibra ainda da sua presença atenta e livre para os combates futuros. Bebe mais um copo, Maçariku.
Sábado, 17 de Janeiro, 15h
Casa da Achada – Centro Mário Dionísio
TANTA COISA
Intervenções livres, filmes, ideias, escadotes, músicas, objectos, luzes, som, câmara, poemas, andaimes, instrumentos… e tudo o mais que desaprendemos e aprendemos com o Maçariku.
Domingo, 18 de Janeiro, 17h
Casa da Achada – Centro Mário Dionísio
MODOS DE FAZER E PENSAR
Filmes e conversa com Ângela Luzia, João Carlos Louçã e outros.
Projecção de Viver, Aprender e Trabalhar na Península de Setúbal (1997), de Eduarda Dionísio, João Carlos Louçã e Vítor Ribeiro + excertos de entrevistas a Francisco Castro Rodrigues, feitas por Eduarda Dionísio e Vítor Ribeiro
Segunda-feira, 19 de Janeiro, 21h30
Cinemateca Portuguesa
La Bandera (1935), de Julien Duvivier
Terça-feira, 20 de Janeiro, 19h
Cinemateca Portuguesa
Milou en mai (1990), de Louis Malle
Quarta-feira, 21 de Janeiro, 21h30
Cinemateca Portuguesa
Sois belle et tait-toi (1958), de Marc Allégret
Quinta-feira, 22 de Janeiro, 19h
Cinemateca Portuguesa
A propos d’une rivière (1955), de Georges Franju
Portugal’s men of the sea (1968), de George Sluizer
Sexta-feira, 23 de Janeiro, 21h30
Casa da Achada – Centro Mário Dionísio
Filmes:
As Sereias (2001), de Paulo Rocha
António Palolo: ver o pensamento a correr (1995), de Jorge Silva Melo
A piscina (2004), de Iana Ferreira e João Viana
Sábado, 24 de Janeiro, 16h
Casa da Achada – Centro Mário Dionísio
Oficina de projecção em 16mm.
Filme: Pas de deux (1968), de Norman McLaren
Segunda-feira, 26 de Janeiro, 19h
Cinemateca Portuguesa
A greve (1925), de Sergei Eisenstein
Sexta-feira, 30 de Janeiro, 22h
Sociedade de Instrução Guilherme Cossoul
COM UM V NA VOLTA
Um concerto com velhos e novos amigos que teimam na construção de outra cultura, de partilha, liberdade e resistência: Coro da Achada + dUAS sEMI cOLCHEIAS iNVERTIDAS + Ernesto Rodrigues, Guilherme Rodrigues e Carlos Santos + João Morais, Rui Lucena, Filipe Brito e Diana Dionísio + João Paulo Esteves da Silva + No Mínimo K + outros a confirmar.
Entrada gratuita nas sessões na Casa da Achada e no concerto na Guilherme Cossoul. Preços habituais para as sessões na Cinemateca.
Que gesto belo e interessante, este! Parabéns e permitam-me que diga que terei sempre saudades do Maçariku. Há alguns anos atrás, numa das minhas passagens pela Achada, falei-lhe no filme “Jaime”, do António Reis. Contei-lhe o quanto tinha gostado desse filme e o quanto o gostaria de rever. Dito e feito, não descansou enquanto eu não pudesse revê-lo pois, passado algum tempo, lá estava ele ali com o filme na mão para que eu o visse. Abraços.