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HISTÓRIAS DA HISTÓRIA: A escola de moderna de Francesc Ferrer, a propósito da sua morte a 13 de Outubro de 1909

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No passado dia 9 de Outubro realizou-se a primeira sessão do ciclo «Escola, para que te quero?», a decorrer até Dezembro na Casa da Achada. Integrada na rubrica «histórias da História», a sessão lembrou desta vez a data do fuzilamento do pensador anarquista catalão Francesc Ferrer que consternou o mundo em 1909 e gerou uma onda de revolta e solidariedade. A data foi aqui pretexto para uma apresentação de Eupremio Scarpa, licenciado em Ciências Políticas em Itália, investigador e educador.

Eupremio Scarpa começou por explicar como se apaixonou pelo pensamento de Ferrer, ideias «que estava a praticar no seu trabalho educativo e social e que utilizava sem conhecer», como disse. Eupremio contou a história da «Semana trágica» em que Ferrer é preso, sumariamente julgado e assassinado, bem como o contexto das revoltas sociais entre finais do século XIX e os inícios do século XX. A conversa continuou com uma revisão das principais ideias de Ferrer relativamente à educação e como ele fundou a Escola Moderna em 1901, uma experiência pedagógica libertária que durou poucos anos mas teve importantes consequências até aos nossos dias. Para Eupremio Scarpa «muito do pensamento de Ferrer ficou vivo» e é ainda hoje actual.

Em 1901 Ferrer criou uma escola baseada em princípios opostos aos que dominavam a educação (ele queria fazer «o contrário do que lhe foi ensinado»), e imaginou uma pedagogia «científica», numa escola mista (com rapazes e raparigas), onde havia coeducação de classes (não para catequizar e criar revolucionários mas pessoas que pensam livremente e que «naturalmente» se tornariam rebeldes, pensava Ferrer). Uma escola onde o lugar do jogo e da criatividade era central, onde não havia notas, nem prémios, nem castigos. Uma escola «para a emancipação», onde a criança está no centro do processo educativo. Uma escola contra o autoritarismo. Uma escola onde o trabalho intelectual e manual vêm a par e passo. Uma escola com jardim, com janelas grandes, com uma preocupação grande com a higiene. A escola moderna organizava também palestras para educação de adultos.

Eupremio Scarpa explicou ainda como as ideias da Escola Moderna se espalharam em Itália (e em Portugal também, na experiência da Escola oficina n.º 1). O orador trouxe ainda um pequeno vídeo com uma entrevista a José Pacheco, fundador da Escola da Ponte, em Portugal, que tem muitos pontos em comum com os princípios da Escola Moderna de Ferrer.

Francisco Ferrer i Guardia

Depois da exposição de Eupremio Scarpa houve ainda tempo para um vivo debate sobre alguns «princípios» pedagógicos, onde se passou pelo papel dos professores hoje, a importância de questionar e escutar, o individual e o colectivo, a reprodução de modelos sociais através da escola, a educação para a liberdade, a ideia de «formação integral», a formação de professores, os problemas reais e a importância das utopias…

Uma abertura deste ciclo «Escola, para que te quero?» extremamente estimulante, que deixou muitas ideias e práticas para discutir, aprofundar, interrogar.

Continuamos o ciclo em Outubro, Novembro e Dezembro. A próxima sessão é já esta sexta-feira, 16 de Outubro, às 18h30: «As escolas onde estudamos – espaços e edifícios», uma conversa com Filomena Marona Beja e João Barroso.

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