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Poema/Quadro 4.

OS  GALOS DE LURÇAT

Num turbilhão de folhas e de sóis
entre nuvens peixes pedras luas estrelas
cantam os galos de Lurçat

Bom dia corações de girassol e astros com cabelos
Bom dia homens com raízes

Pairam na lã os ares
do Loire e do Garona
meiga luz de velhíssimos teares
cheiro a cachos do Beaune
meiga luz dos mil matizes do aroma
da doce terra de França

Entre troncos caídos em clareiras virgens
graves galos garbosos
de esporões floridos
com a manhã nas cristas

Que outras horas são estas
Que outros sítios e olhos? Que mendigos em festa?
Que serenidades imprevistas?

Galos negros e azuis
entre o presente e o futuro
traçam nos túneis absurdos
esguias figuras mudas

Galos verdes e castanhos
rasgam na alma os lanhos
da poeira dos anos

Galos vermelhos brancos amarelos
no ponto robusto de ásperas lãs
soltam clarins nas ruínas ermas dos castelos
de que se erguem amanhãs

Oh universos suspensos de Lurçat nos nevoeiros densos
da doce terra de França
Oh fanfarras desgrenhadas nas auroras dúbias e ousadas
na doce terra de França

Teus galos cantam fúria e eu oiço amor
teus galos cantam dor e luto e noite e eu oiço
esperança


 

Mário Dionísio admirava muito as tapeçarias de Jean Lurçat.

Em 1950 escreveu este poema que acompanhamos com a imagem de um dos seus muitos galos tecidos em lã.

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