Oficina para um Maio novo
Este fim-de-semana de Maio, a Regina Guimarães propõe-nos fazermos uma oficina de poesia em casa ou no quintal, sozinhos ou acompanhados. Trata-se de escrever a partir de uma matriz. Neste caso, partindo de um poema de Mário Dionísio.
Mandem-nos os vossos resultados por email (casadaachada@centromariodionisio.org) ou publiquem-nos nos comentários desta notícia.
Primeiro enunciado e seus exemplos (clicar na imagem para ficar maior):
Segundo conjunto de exemplos, com as mesmas regras:
uma colher quase nova
com o cabo quase preto
numa mesa quase posta
com uns figos quase secos
cai e quase prova um pouco
do sonho quase queimado
quase presa se vê deste
peru quente quase morto
quase harmónica descida
enche o espaço quase quadro
de reflexos quase soltos
queda livre quase a tempo
a deixa quase bastante
quase músculo guloso
é o instante quase nada
quase tinta do poema
uma virose quase nova
com uma roupa quase vermelha
numa época quase cara
com os bolsos quase vazios
Surge e quase toca as narinas
do sonho quase pesadelo
quase fria se alastra
no desprezo quase morto
quase harmónica polícia
enche o espaço quase preso
de banqueiros quase soltos
opaca quase fascista
o grito quase constante
quase músculo dorido
dum instante quase igual
quase morto quase logo
Pior que não comer
é comer sem gostar do que se come
Pior que não dormir
é dormir só porque aqui não apetece acordar
Pior que não cuidar
é ir mantendo presa a flor na estufa
Sem surpresa e sem raiva as jornadas são cacos
que nem cola reconstrói
em autista repetição
de rotina
A combustão
não se planifica