20 a 21 de Maio: Oficina de tradução; leitura de Abel Salazar; cinema com ‘A linha geral’ de Eisenstein
OFICINA DE TRADUÇÃO
Domingo, 20 de Maio, das 15h30 às 17h30
Em três sessões orientadas por três pessoas diferentes vamos aprender e partilhar técnicas de tradução: como escrever, os sentidos das palavras, problemas e pormenores. Na anterior sessão, Miguel Serras Pereira pôs os participantes a traduzir, do francês, um livro de Diderot, e comparar as suas traduções com uma tradução editada em português. Nesta sessão, com João Paulo Esteves da Silva, vamos traduzir a partir do hebraico.
A oficina é para todos a partir dos 16 anos. Não é necessário conhecer a língua da qual se vai traduzir.
CICLO A PALETA E O MUNDO III
Segunda-feira, 21 de Maio, 18h30
Na 3ª parte do ciclo «A Paleta e o Mundo» lemos obras que foram citadas em A Paleta e o Mundo de Mário Dionísio, ou obras de autores seus contemporâneos.
Em Maio começa a leitura do capítulo «Determinação de (R)» do livro Que é arte? (1940) de Abel Salazar, com projecção de imagens, por Carla Mota e Helena Barradas.
«E, no entanto, o cuidado com aquilo a que, por grosseira mas forçosa aproximação, chamamos forma, a invenção apaixonada da forma, a honesta construção da forma, o entranhado amor da forma não é mais que a consciência aguda do problema da expressão. Não é um entrave para o pensamento, um inimigo do pensamento. Inventar formas – sinal glorioso do poder do homem – é, bem pelo contrário, tornar o mais precioso possível o que, só por elas, se revela ser o nosso pensamento. “Na escolha de uma forma”, escreveu Pius Servien, “alguma coisa é ainda investigação de fundo (…). É ainda como que uma des coberta no seio da descoberta, alguma coisa que se passa no plano do conteúdo positivo.”
Isto mesmo terá levado Abel Salazar a concluir que “criar e compor em arte são termos quase sinónimos”. Isto mesmo nos levará a compreender que os vícios (que os há) do chamado «formalismo» não estão no zelo desta invenção constantemente recomeçada de uma nova realidade que é o próprio corpo da arte. Que a doença está noutro lado.»
Mário Dionísio, «O sonho e as mãos – II», Entre palavras e cores – alguns dispersos (1937-1990)
CICLO DE CINEMA «POLÍTICA UMA VEZ POR SEMANA»
Segunda-feira, 21 de Maio, 21h30
Agora que parece que temos pouco que ver com política, embora ela nos determine a vida quotidianamente, apresentamos o ciclo de cinema «Política uma vez por semana». A política não é só a do poder, ou as vias mais ou menos legais para o alcançar, mas também levantamentos populares, lutas pequenas (ou grandes), revoltas e revoluções, de que a História e as nossas vidas se fazem. É impossível separar a Política da História. E a arte – o cinema incluído – tem política dentro.
Nesta sessão deste ciclo projectamos A linha geral (1929, 121 min.) de Sergei Eisenstein, sobre a colectivização da agricultura na URSS. Quem apresenta é Vítor Silva Tavares.
Sinopse:
Há muito tempo que não chove. Com barómetros escondidos nas mangas, os sacerdotes ortodoxos decidem organizar uma procissão para «chamar a chuva». Em vão. Perante a miséria do mundo camponês, submetido à autoridade dos sacerdotes, à estupidez dos costumes e à superstição, Marfa e alguns outros decidem agir. Graças ao dinheiro poupado colectivamente (portanto, dificilmente) pelos camponeses, Marfa compra um touro para a reproução de vitelos. Grande cena de acasalamento em que as vitelas se encontram com o touro. Mas o touro é envenenado pelos ricos kulaks. Marfa vai então à cidade, para pedir ajuda. Da fábrica, parte um grupo de operários desejosos de desenvolver a agricultura; um sovhoze próximo entrega-lhe uma desnatadeira e um conjunto de tractores. Primeiro, a desnatadeira e os tractores não funcionam, mas tudo acaba por se resolver: longas sequências que glorificam as máquinas. A fábrica e o sovkhoze deram provas aos camponeses do interesse geral pela entreajuda colectiva e a mecanização. Marfa pode finalmente sorrir.