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Áreas Principais

1 de Novembro de 2022

Para consultar a programação para este mês

da Casa da Achada – Centro Mário Dionísio

clicar AQUI

14º aniversário

8 de Setembro de 2023

NOTA: PARA ENVIAR UMA CONTRIBUIÇÃO PARA O CADERNO COLECTIVO RETRATO(S) DUMA AMIGA,
ver mais informações aqui.

Retrato(s) duma Amiga – um caderno colectivo a pensar na Eduarda

13 de Agosto de 2023

Caras amigas, caros amigos da Eduarda,

A Casa da Achada organiza, a partir de sábado 30 de setembro 2023, uma exposição em torno da Eduarda Dionísio, que realçará a multiplicidade dos domínios em que ela pensou, transmitiu, criou e interveio.

Nesse quadro será apresentada uma obra colectiva produzida por todos nós em conjunto! Imaginemos que, no passado 22 de Maio, um espelho bruscamente nos tivesse escapado das mãos, quebrando-se em mil estilhaços. Imaginemos também que, nesses muitos estilhaços, nós inscrevêssemos, cada uma e cada um à sua maneira, uma memória da nossa amizade pela Eduarda, e que esses bocados fossem, de seguida, colados uns aos outros.

Concretamente, propomos a cada uma e cada um, recriar, numa folha A4 (21 x 29,7 cm), um momento marcante vivido com a Eduarda. O vosso contributo pode assumir a forma que vos aprouver: desenho, colagem, poesia, texto, fotografia, notas de música…-, mas, ao invés dos discursos elogiosos e dos depoimentos inspirados pela estima, será radicalmente pessoal.

Depois bastará enviar ou entregar, o mais cedo possível, antes da segunda-feira 25 de Setembro, a vossa folha A4 a:

a/c Céu Duarte
Casa da Achada – Centro Mário Dionísio
Rua da Achada, 11
1100-004 Lisboa (Portugal)

A Casa da Achada encarregar-se-á de reunir os contributos sob o título Retrato(s) duma amiga. Os visitantes poderão consultar a recolha de contributos, junto à qual haverá folhas de papel e lápis para quem deseje fabricar a sua participação in loco.

Por fim, não queremos deixar de vos encorajar a consultar o programa completo da exposição no site da Casa da Achada: http://centromariodionisio.org/programacao.php.

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FR

Chères amies, chers amis d’Eduarda,

La Casa da Achada organise à partir du samedi 30 septembre 2023 une exposition autour d’Eduarda Dionísio, qui mettra en valeur la multiplicité de sa création.

À cette occasion sera présentée une œuvre collective, que nous tous, nous aurons produite ensemble ! Imaginons que le 22 mai dernier, un miroir nous ait soudain échappé des mains pour se briser en mille morceaux. Imaginons encore que nous inscrivions sur ces éclats, chacune et chacun à sa manière, un souvenir de notre amitié avec Eduarda, et qu’ils seraient ensuite recollés ensemble.

Concrètement, nous vous proposons de recréer, sur une feuille A4 (21 x 29,7 cm), un moment marquant que vous avez vécu avec Eduarda. Votre contribution pourra prendre n’importe quelle forme : dessin, collage, poésie, texte, photo, notes de musique… mais, au contraire du discours élogieux ou du témoignage d’estime, elle sera très personnelle.

Il suffira ensuite d’envoyer ou d’apporter, dès que possible et au plus tard le lundi 25 septembre, votre feuille A4 à :

a/c Céu Duarte
Casa da Achada – Centro Mário Dionísio
Rua da Achada, 11
1100-004 Lisboa (Portugal)

La Casa da Achada se chargera de réunir les contributions sous le titre Retrato(s) duma amiga (en français, Portrait(s) d’une amie). Les visiteurs de l’exposition pourront consulter ce recueil, accompagné de feuilles de papier et de crayons pour qui souhaiterait fabriquer sa contribution sur place.

Enfin, nous vous encourageons à découvrir le programme complet de l’exposition sur le site de la Casa da Achada : http://centromariodionisio.org/programacao.php

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IT

Care/i amiche e amici di Eduarda,

Da sabato, il 30 settembre 2023, la Casa da Achada propone una mostra su Eduarda Dionisio, che metterà a fuoco la molteplicità di ambiti in cui ha pensato, ha trasmesso, ha creato e è intervenuta.

In questo contesto, verrà presentato un lavoro collettivo prodotto da tutti noi insieme! Immaginiamo che il 22 maggio, uno specchio ci sia all’improvviso sfuggito dalle mani frantumandosi in mille pezzi. Immaginiamo anche che in questi tanti frammenti inscriviamo, ognuno a modo suo, una memoria della nostra amicizia con Eduarda, e che poi questi pezzi vengano incollati insieme.

Più concretamente, proponiamo a ciascuna e ciascuno di ricreare, su un foglio A4 (21 x 29,7 cm), un momento significativo vissuto con Eduarda. Il vostro contributo può assumere qualsiasi forma – disegno, collage, poesia, testo, fotografia, note musicali… – ma anziché discorsi elogiativi e testimonianze di stima, si tratterà di un contributo radicalmente personale.

Successivamente, basterà inviare o consegnare il foglio A4, il più presto possibile, entro lunedì 25 settembre, a:

a/c Céu Duarte
Casa da Achada – Centro Mário Dionísio
Rua da Achada, 11
1100-004 Lisboa (Portugal)

La Casa da Achada raccoglierà i contributi sotto il titolo “Retrato(s) duma amiga” (in italiano, Ritratto/i di una amica). I visitatori potranno sfogliare la raccolta di contributi, accanto alla quale ci saranno fogli e matite per coloro che vorranno fabbricare il proprio contributo in loco.

Infine, vi invitiamo a scoprire il programma integrale della mostra sul sito web della Casa da Achada: http://centromariodionisio.org/programacao.php

Leitura Furiosa liga escritores a pessoas zangadas com a leitura

9 de Junho de 2023

Em Lisboa, no Porto e em Amiens, os dias 16, 17 e 18 de Junho são dias de Leitura Furiosa

A Leitura Furiosa é um acontecimento anual, imaginado e levado a cabo pela Associação Cardan (Amiens, França), que acontece há 31 anos em simultâneo em várias cidades de alguns países. Destina-se aos que, mesmo sabendo ler, estão zangados com a leitura. Durante três dias, escritores (e também ilustradores, actores e músicos) estão «ao serviço» de pessoas que, pelas suas condições de vida, não tiveram acesso ao prazer de ler ou foram dele afastados.

A ideia nasceu em 1992, em Amiens, França, quando a Associação Cardan – que luta contra a iliteracia – não conseguiu «convencer as pessoas zangadas com a leitura a sentirem-se em casa numa feira do livro». Pensaram, então, num momento de encontro literário onde essas pessoas fossem o elemento fundamental, sem servirem de «mais-valia» aos escritores ou aos organizadores.

A Casa da Achada – Centro Mário Dionísio organiza a 19ª edição da Leitura Furiosa em Lisboa, este ano em parceria com a ARAL – Associação de Residentes do Alto do Lumiar.

O encontro começa na sexta-feira, dia 16, dia em que 6 pequenos grupos de pessoas que integram o Conselho Português para os Refugiados, a Cooperativa Bandim, o grupo de alfabetização da Associação de Residentes do Alto do Lumiar (ARAL), o Grupo de Jovens da ARAL, o grupo de membros da Zona de Intervenção Cultural e a Escola Básica do Castelo se encontrarão com um escritor ou uma escritora, com quem passarão o dia. Participam na edição lisboeta os escritores Alex Couto, Jacinto Lucas Pires, João Paulo Esteves da Silva, Julieta Monginho, Paola d’Agostino e Serena Cacchioli.

No segundo dia, o escritor volta a encontrar-se com o grupo, apresentando um texto que terá escrito na noite anterior. Depois de o discutirem e de almoçarem em conjunto, o grupo e o escritor visitam um local onde há livros – uma livraria, uma biblioteca (a livraria It’s a Book, a biblioteca Maria Keil, a biblioteca municipal das Galveias, a livraria Tigre de Papel, a biblioteca municipal de São Lázaro). Enquanto o fazem, os textos serão ilustrados por Carlos Quitério, João Cabaço, Mantraste, Pierre Pratt, Rita Oliveira Dias e Nadine Rodrigues, e serão compilados, traduzidos do francês (os que vierem de Amiens) e paginados, para construção de uma brochura.

No domingo, dia 18, terceiro dia do encontro, os textos são tornados públicos às 15h30 na Casa da Achada – Centro Mário Dionísio, numa sessão de leitura e música, para a qual estão todos convidados. A sessão conta com a participação dos actores Carla Bolito, Diogo Dória, F. Pedro Oliveira, Inês Nogueira, José Manuel Mendes, Marina Albuquerque e dos músicos Pedro e Diana, que musicarão alguns dos textos. A brochura com os textos e as ilustrações será distribuída a todos os participantes, que, de uma maneira ou de outra, se encontrarão nela. Mesmo quem está zangado com a leitura pode entrar, querendo ou não querendo, na literatura que os leitores costumam ler e que os zangados com ela poderão ler também. 

Eduarda Dionísio

24 de Maio de 2023

Na segunda-feira dia 22 de Maio morreu Eduarda Dionísio, vítima de um cancro de pulmão. Ainda não tinha completado 77 anos.

É uma perda enorme para todos e para a Casa da Achada – Centro Mário Dionísio, associação por si idealizada, fundada e onde fez tanto e com tanta gente. Ela foi o motor, as mãos, a inteligência, a inspiração, a crítica, a imaginação, a memória. Durante muito tempo, ao lado do seu companheiro Vítor Ribeiro, o Maçariku.

Da sua cabeça e do seu esforço saíram dezenas de actividades, exposições, projectos, convites a pessoas, ideias, edições, trabalhos de arquivo e divulgação. A lista é interminável.

Saíram também livros seus, como Francisco Castro Rodrigues – Um cesto de cerejas – conversas, memórias, uma vida, com organização, introdução e notas de Eduarda Dionísio (edição da Casa da Achada em 2009).

Actualmente, a Eduarda estava a preparar a edição do 5.º e último volume do diário inédito de Mário Dionísio, Passageiro Clandestino. Não pôde terminar esse trabalho. Foram editados (entre 2021 e 2023) os primeiros quatro volumes deste diário, todos eles acompanhados de volumes autónomos de notas escritas por ela. Essas notas, para além de contextualizarem o texto de Mário Dionísio, são um trabalho de investigação precioso para a história do século XX português, com o seu olhar, o seu rigor e o seu sentido crítico.

É impossível dizer em poucas palavras o que foi e o que fez esta mulher extraordinária. A Eduarda gostava que as coisas fossem úteis, protestava contra o desperdício de materiais, de esforços e ideias. Todo o seu trabalho associativo tem a ver com quebra de barreiras: entre leigos e os especialistas, entre amadores e profissionais e entre classes sociais diferentes. Derrubar as barreiras, também, entre o pensar e o fazer, propondo sempre que juntássemos acção e pensamento, mãos e cabeça. “Viva a liberdade, dentro e fora da cabeça”, dizia uma camisola feita na Abril em Maio, associação onde circulavam ideias, objectos, textos, filmes, artes e artesanatos contra as lógicas culturais mercantis. Fazedora incansável em mil disciplinas diferentes (escrever, ensinar, pintar, fazer artes gráficas, editar, intervir, investigar…), a Eduarda valorizava os saberes-fazer, as técnicas, as sabedorias que extravasam os currículos académicos, as formas diferentes de nos relacionarmos como seres humanos, de viver e pensar o mundo (livremente!) e as possibilidades de o transformar. Outra barreira ainda a superar: ser capaz de alargar as fronteiras do possível, contra o “sempre foi assim”, coisa que ela combateu com todas as suas forças. Porque pensava que tudo podia ser de outra forma. Por isso fez amizades pelo mundo inteiro com gente que partilhava, de uma forma ou de outra, esta atitude crítica, solidária, transformadora.

Uma biografia (impossível e incompleta)

Eduarda Dionísio nasceu a 6 de Junho de 1946 em Lisboa. Estudou no Liceu Francês e depois na Faculdade de Letras de Lisboa onde se licenciou em Filologia Românica.

Participou nos movimentos estudantis antes do 25 de Abril. Fez parte do Grupo de Teatro da Faculdade de Letras (1969, com Jorge Silva Melo, Luís Miguel Cintra e outros). Em 1968, aos 22 anos, publicou, com Almeida Faria e Luís Salgado de Matos, o livro Situação da Arte, resultado de um inquérito feito a artistas e intelectuais portugueses. Em 1971 fundou com Jorge Silva Melo o jornal Crítica. Em 1972 editou o seu primeiro romance, Comente o Seguinte Texto:. Escreveu depois várias obras literárias, romances e muitas outras de difícil catalogação, como o importante livro sobre a cultura em Portugal Títulos, acções e obrigações – sobre a cultura em Portugal – 1974-1994.

Foi professora de Português no ensino secundário durante grande parte da sua vida (Liceu Camões, Escola Secundária da Cidade Universitária, Escola Gil Vicente). Foi militante nas escolas, delegada sindical, dirigente sindical (77/78), fundadora do núcleo de professores do Movimento de Esquerda Socialista (onde esteve até Dezembro de 75), fundadora da CEC — Contra a Escola Capitalista — que reunia dezenas de professores sem partido e cuja actuação excedia a actividade sindical.

Foi tradutora, artista plástica e crítica literária. Escreveu para vários jornais e revistas em épocas diferentes (Seara NovaDiário de Lisboa, jornal Combate e muitos outros). Participou, como independente, na campanha eleitoral do PSR ao Parlamento Europeu de 1987.

Dedicou-se ao teatro, tendo sido actriz, dramaturga, cenógrafa, etc. (Faculdade de Letras, Teatro da Cornucópia, Teatro O Bando, Contra-Regra, que fundou com Antonino Solmer). Traduziu textos de Shakespeare, Brecht ou Heiner Müller, e fez vários trabalhos de dramaturgia, como Dou-Che-Lo Vivo, Dou-Che-Lo Morto (co-autoria com Antonino Solmer), a partir de textos de Camões, ou Primavera Negra, colagem de textos de Raul Brandão. Escreveu, a pedido de Adriano Luz, Antes que a Noite Venha, os monólogos de Medeia, Antígona, Julieta e Castro nas vozes de quatro mulheres da noite, peça levada à cena em 1992 na Cornucópia.

Foi uma das fundadoras da Associação Abril em Maio, em 1994, associação com importante intervenção cultural até 2005, inspirada na memória do movimento popular da revolução portuguesa, onde realizou centenas de actividades, encontros e edições. Em 2006 esteve no projecto do jornal PREC (Põe Rapa Empurra Cai, que teve apenas 3 números), edição que paginava com Vítor Silva Tavares e à volta da qual se realizaram várias séries de encontros, debates e conversas sobre arte, política e sociedade. Em 2008 fundou, com uma série de amigos, alunos, e familiares de Mário Dionísio (ou estudiosos da sua obra) a Casa da Achada – Centro Mário Dionísio, arquivo vivo e associação cultural com intervenção diversificada, dedicada antes de mais à divulgação da vida e da obra do seu pai, Mário Dionísio, e da sua mãe, Maria Letícia Clemente da Silva.

À volta do 25 de Abril

19 de Maio de 2023

Que dias!


No sábado, 22 de Abril, às 15h30, inaugurámos uma nova exposição de pintura e desenho de Mário Dionísio: «Pintarei, pintarei, queiram ou não». Nas paredes da zona pública da Casa da Achada estão agora quadros e desenhos de Mário Dionísio dos anos 40 aos anos 90 do século XX. Uma pequena imagem de um longo percurso de pintura de um homem que por ela se apaixonou e dela fez uma actividade incessante de pesquisa de cores e formas, desde os primeiros quadros figurativos até à espantosa produção abstracta que começou com uma «visita inesperada» (assim se chama o seu primeiro quadro abstracto, de 1963, que também está exposto). Diana Dionísio apresentou a exposição, sublinhando a forma como ela é feita na Achada, a muitas mãos e com rigor, mas longe das lógicas expositivas institucionais (assentes na especialização, na hierarquização do trabalho, no marketing, etc.) e Inês Nogueira leu textos e poemas do poeta-pintor, muito a propósito.

Na mesma tarde de dia 22 foi lançado o 4.º volume de Passageiro Clandestino, o diário de Mário Dionísio até agora inédito. Fruto de um trabalho monumental de Eduarda Dionísio, a edição é acompanhada de livros de notas (neste volume são dois!) que permitem contextualizar e perceber melhor tudo o que ali se conta e se pensa (pessoas, lugares, acontecimentos). Este volume vai de 1974 a 1980, sendo um documento valioso para perceber o processo revolucionário português e aquilo que se lhe seguiu. Encheu-se a sala de gente para falar deste volume, com intervenções de umas 17 pessoas que tinham lido e que escolheram uma “entrada” do diário para a ler e comentar. Interessante encontro em que a variedade de temas (política, arte, educação, RTP – onde Mário Dionísio foi, por um tempo, director de programas, para além de questões mais íntimas e dilemas “existenciais” que também se podem encontrar neste riquíssimo diário). Foram duas horas de conversa, com intervenções variadas, por vezes discordantes e questões muito pertinentes de muitos, tivessem ou não lido já este volume IV.

No dia 23 de Abril houve no pátio interior da Casa uma animada oficina para miúdos e graúdos. Vieram 25 pessoas fazer faixas e cartazes com versos de canções. José Smith Vargas, que orientou a oficina, trouxe até um gira-discos e LPs para irmos escutando música e escolhendo os versos mais adequados às lutas que aí estão e aos combates por vir. Voaram tintas, lápis e marcadores por papéis, cartolinas e tecidos. E deixaram marcas que nos lembram que, como diz o Zeca Afonso na sua canção «Papuça», «a revolução é pra já». Assim se chamava a oficina, aliás. Muitos cartazes ficaram à espera de ser levados à manifestação do 25 de Abril. E foram mesmo.

No dia 24 estivemos das 16h até para lá da meia noite no Arraial do Carmo, no Largo do Carmo, ali na outra colina. Montámos banca e estivemos a apregoar livros e autocolantes, a mostrar e a vender t-shirts e textos e postais da Casa da Achada – Centro Mário Dionísio. E ainda vendemos alguns. O mais interessante, para além da música que se podia ouvir, foi falar com tanta gente que por ali passou, de todas as idades e feitios e medidas. E também se cantou, pois claro.

No dia 25 já não é surpresa a multidão de gente que vai ao fim da tarde ter à Casa da Achada para conviver, conversar, beber um copito, comer um salgado.

E que também pôde ouvir às 18h um texto de Regina Guimarães, lido por João Rodrigues e F. Pedro Oliveira. Pusemos uma vinte cadeiras, mas de repente estavam umas cinquenta pessoas. Toca a puxar mais cadeiras e mesmo assim estava gente em pé.

Depois, lá fora, com uma multidão que pôs o Largo da Achada cheio que nem um ovo, foi difícil arranjar espaço para as pessoas que fizeram a Kantata do Tecto Incerto mostrarem um excerto do espectáculo, a propósito do lançamento de um CD com a Kantata cantada na íntegra (que acompanha o libreto) ali mesmo no Largo da Achada (já passou quase um ano!).

Ainda vieram depois o coro e o grupo de teatro comunitário da Casa da Achada com leituras e canções. E ainda surgiu a inevitável «Grândola, vila morena» cantada por toda a gente que enchia («nunca vi aqui tanta gente assim», ouvia-se dizer), enchia mesmo o Largo e as escadas por aí abaixo, por ali a cima.

Houve quem fosse espreitar a exposição ou ler um bocadinho do «25 de Abril ao ar livre», a exposição sobre o 25 de Abril que estava em versão “pobre”, em papel, no Largo, mostrando um pouco de tudo o que mudou depois do 25 de Abril. Mudou tudo, mas está tudo por mudar.

Foram belos os dias incomuns!

17 de Dezembro de 2022

Obrigada pelos «Dias incomuns, como é costume»!

Houve conversas participadas, cantorias, visitas comentadas à exposição, 12 prémios sorteados para 11 vencedores (temos uma amiga com sorte, que ganhou duas vezes), uma oficina onde se fizeram 17 carimbos diferentes, duas rábulas de chorar a rir e o melhor de tudo: muitos encontros.

Pusemos à venda livros velhos e novos, cedês, objectos bonitos, cadernos, jogos, cartazes, coisas que se comem, etc, etc.

Infelizmente, devido a um cartão de memória defeituoso, perdemos a maior parte das fotografias que tirámos. Mas temos estas, que partilhamos convosco.

Na tarde de quinta-feira dia 8 o Frederico Mira George, que também é pintor, preparou uma visita comentada à exposição «Como esta mão, que segura ou se prolonga no pincel» em que nos aguçou as curiosidades e fez ver as cores dos quadros de outra maneira…

Depois houve uma conversa muito participada (mas difícil!) sobre «A intervenção cultural contra os autoritarismos». Fica um agradecimento especial ao João Baía, à Inês Sapeta, ao António Redol, ao Tito Basto, ao Toni, ao Manuel Deniz, ao Claudio Carbone, ao Luiz Rosas e ao Mário Rui Pinto, que prepararam intervenções para esta discussão de quinta-feira à tarde. E a todas as outras pessoas que participaram!

No sábado, dia 10, o coro cantou canções que nunca tinha apresentado em público. E intercalou-as com pequenos textos que também se podiam ler em folhas volantes ilustradas pelo Mateo Vidal.

Ainda nesse dia conversámos com vários fazedores da Agenda Pintalhona 2023: gente da Associação Desportiva e Recreativa O Relâmpago, da Associação Sirigaita, do Pintalhão (casa do Porto que teve a ideia e a levou a cabo) e da Casa da Achada trocaram ideias e histórias sobre como foi fazer este objecto em conjunto, criando ou fortalecendo laços de companheirismo e cumplicidades à distância.

No domingo aprendemos com a Catarina Carvalho uma técnica simples de fazer carimbos com materiais baratos. E usámos alguns para pintar t-shirts. Ficaram uma beleza!

Também no domingo Anota de Rodapé (pseudónimo especial para a ocasião de Diana Dionísio) guiou-nos pela exposição «Como esta mão, que segura ou se prolonga no pincel», dando nota de todas as notas em falta, e que se encontram no Passageiro Clandestino III. Informações que nos fazem ver melhor a pintura de Mário Dionísio.

Obrigada a toda a gente que ajudou a fazer em comum estes dias incomuns. Foram muitas as pessoas que aproveitaram a ocasião para comprar um presente ou fazer-se amigo da Casa da Achada. Obrigada a todas elas!

Oiça Gullar! – Ouvido de Tísico nº36

22 de Novembro de 2022

Olá!

Foi no domingo 20 de Novembro que estivemos a ouvir este belo programa feito pela Serena Cacchioli propositadamente para esta sessão de escuta na Casa da Achada, sobre Ferreira Gullar e o seu poema sujo.

Soubemos que houve quem quis vir a esta sessão e não conseguiu… e resolvemos publicá-lo, para ainda poder chegar a mais uns ouvidos.

Ouvido de Tísico nº 36: OIÇA GULLAR!

Um podcast realizado por Serena Cacchioli sobre o poeta brasileiro Ferreira Gullar e o seu «poema sujo», pela voz dele próprio e através das vozes de Andrea Ragusa, Itamar Assumpção, Mariana Varela, Rosalvo Acioli Júnior, Tony Scott…

Nas sessões «Ouvido de Tísico» a proposta é escutar. Fácil? Difícil? Num mundo que nos quer entupir os ouvidos, nós queremos continuar a fazer cócegas ao caracol. Ouvir-se-ão textos de vários autores, saladas musicais, documentos desencantados do Centro de Documentação da Casa da Achada, discos do princípio ao fim, entrevistas, enfim, de tudo um pouco. Pode-se ouvir de pé ou sentado, sentado ou deitado. Pode ouvir-se de olhos fechados ou abertos, abertos ou semicerrados. Pode-se desenhar enquanto se ouve, ou escrever, ou não fazer mais do que… ouvir.

Celebrámos 13 anos!

15 de Outubro de 2022

Obrigado a toda a gente que veio celebrar connosco o 13º aniversário da Casa da Achada – Centro Mário Dionísio. Foi um fim-de-semana à roda dos amigos, dos quadros da nova exposição, dos poemas, dos livros, das conversas e discussões a propósito do diário de Mário Dionísio e sobre o que é o popular. À roda também das canções, umas previstas, outras espontâneas, e até à roda da sorte!

Alguns dos nossos amigos da Lega di Cultura di Piadena vieram de Itália de propósito para festejar connosco a vida da Casa da Achada, os amigos do CACAV atravessaram o Tejo e ofereceram-nos poemas e músicas, e tanta outra gente veio de tantas partes para nos desejar mais anos de vida. Foi muito bom ver-vos!

Obrigado também a quem pôs as quotas de amigo em dia, quem comprou as nossas edições, quem fez donativos, quem trouxe comidas e outras coisas para vendermos. É pela mão dos seus amigos que a Casa da Achada se mantém de pé!

Fiquem com estas fotografias:

Mémoire d’un peintre inconnu

2 de Outubro de 2022

O livro de poemas de Mário Dionísio, Memória dum pintor desconhecido, publicado em 1965, acaba de ser traduzido para francês por Regina Guimarães. Aqui podem encontrar a tradução:

Mémoire d’un peintre inconnu

13 anos de portas abertas

22 de Setembro de 2022

A Kantata do Tecto Incerto

25 de Julho de 2022

Chegámos quase ao fim de uma caminhada que começámos há anos, quando surgiu a vontade de fazer uma nova «kantata», à semelhança do que foi em 2013 a Kantata de Algibeira (ver aqui).

A ideia era a criação colectiva de um espectáculo, um coro de vozes, construído por quem não está acostumado a ter voz, que desse a ouvir as suas inquietações, reflexões e propostas sobre os problemas da habitação, neste mundo em que as cidades se transformam em tabuleiros de Monopólio.

A busca por financiamentos que não chegaram atrasou o arranque dos trabalhos. Até que, no fim de 2020, um crowdfunding que teve a participação de cerca de 200 pessoas nos deu novo alento.

Infelizmente, novas peripécias nos esperavam: primeiro, a pandemia do COVID, que tudo paralisou; depois, a morte de Margarida Guia, pessoa fundamental para a realização da anterior Kantata d’Algibeira e que teria também em mãos a construção desta nova Kantata do Tecto Incerto.

Fomos assim obrigados a reinventar o projecto. Reunimos uma equipa um pouco diferente da inicialmente pensada e reagendámos os trabalhos.

Em Fevereiro de 2022 demos início a uma série de encontros entre Luiz Rosas (da associação Cardan, de Amiens, que combate a iliteracia e cuja Philharmonique des mots inspirou estas kantatas) e pessoas variadas, afectadas por problemas de habitação. A partir das conversas geradas, Regina Guimarães (autora também do texto da Kantata d’Algibeira) escreveu um libreto.

Em Abril, começaram novos encontros entre algumas daquelas pessoas e ainda outras, sem experiência de palco, que, orientadas pelos trabalhos de música e de cena de Nicolas Brites, Pedro Rodrigues e João Caldas, se envolveram num processo que culminou, em Julho, com a apresentação da Kantata do Tecto Incerto, primeiro no Teatro S. Luiz, depois no Largo da Achada. Foi ainda apresentada uma fatia da Kantata na associação Sirigaita.

Esta caminhada ainda não chegou ao fim. Por estes dias, a Casa da Achada está a preparar uma exposição sobre o processo de construção Kantata do Tecto Incerto, que inaugurará no fim do mês de Julho. Para além disso, o grupo de pessoas que a fez está a avaliar a possibilidade de poder voltar a reunir-se para novas apresentações a partir de Setembro.

A Casa da Achada – Centro Mário Dionísio deseja mais uma vez agradecer a todos os que tornaram a Kantata do Tecto Incerto possível. Aos sócios e amigos da Casa da Achada que tiveram esta vontade, que desenharam e redesenharam planos, que montaram e ajudaram a divulgar a campanha de crowdfunding, que propuseram a participação de outros amigos, que trabalharam, voluntariamente, para a realização desta ideia. A todos os que participaram, financeiramente, no crowdfunding que tornou possível a remuneração de alguns dos trabalhos de criação e o pagamento das despesas de produção. Ao Teatro de S. Luiz que acolheu a estreia do espectáculo. Finalmente, àqueles que meteram mais as mãos na massa da Kantata: Luiz Rosas, Regina Guimarães, Nicolas Brites, Pedro Rodrigues, João Caldas, Catarina Carvalho, que se encarregou de toda a produção, Inês Nogueira, que deu uma “mãozinha” na voz; a todos aqueles que participaram nas conversas e encontros desta caminhada; e aos que subiram à cena: Alessandra Esposito, Ana Baltazar, Ana Gago, Ana Mourão, Ana Paula Silva, Anabela Cardoso, Antonio Gori, Artur Pispalhas, Camille Bourdeau, Carla Costa, Carla Pinheiro, Carlos Quintelas, Clara Amaro, Clara Pelotte, Cláudia Oliveira, Fernando Afonso, Fernando Chaínço, Françoise Bourchenin, Ilda Feteira, Jesús Manuel, João Neves, Jorge Aurélio, Jorge Ramalho, Julia Geiger, Leonor Domingos Antunes, Maria Gomes, Maria João Costa, Marlisa Conceição, Olga Germano, Paula Silva, Pedro Ferreira, Raquel de Castro, Rosa Santos, Rosário Conceição, Rubina Oliveira, Susana Baeta, Susana Domingos Gaspar, Teresa Mamede, Teresa Valério.

A Kantata é uma casa de chegada ou de partida?

O tempo que passa e a gente a contratempo

19 de Julho de 2022

O atelier de cópias

O microfone aberto

A leitura à desgarrada do Prometeu

A gente a contratempo

O Van Gogh também veio

À volta do 25 de Abril na Casa da Achada

28 de Abril de 2022

Tanta coisa nestes três dias…

OBRIGADO ao Renato Roque e ao Frederico Mira George pelas duas belas exposições de fotografia e de pintura que inaugurámos no dia 23, sábado.

Foi bom estar à conversa com eles sobre pintura e fotografia, sobre os tamanhos, as cores, os modos de fazer e as ideias das artes. Alguém disse que criar é sempre «a partir de…», neste caso com artes plásticas que brotam da escrita de Carlos de Oliveira e de Mário Dionísio. Encontros de amizades antigas e de hoje. Já agora OBRIGADO também a quem pôs estas exposições de pé desmontando, montando, medindo, furando, pintando, colando.

OBRIGADO a todos os leitores atentos do terceiro volume do Passageiro Clandestino de Mário Dionísio que, na tarde de domingo 24, nos deram vontade de ler também esta nova edição, mais uma vez profusamente anotada por Eduarda Dionísio. Em particular a António Pedro Pita, Luís Bigotte Chorão, Luís Crespo de Andrade, Natércia Coimbra, Raquel Henriques da Silva, Luís Ricardo Duarte e Manuel Nunes que no fim leu um poema de Mário Dionísio em que a protagonista é a máquina de escrever. Leiam este Passageiro Clandestino e vão perceber!…

OBRIGADO ao Coro e ao Grupo de Teatro Comunitário da Casa da Achada que fizeram um espectáculo sobre o 25 de Abril com palavras, músicas e até cartazes feitos à mão… E tanta gente a ver e a cantar também!

OBRIGADO aos CASAL DO LESTE que ofereceram um concerto fora do vulgar. Terá sido punk neo-realista, rock libertário ou pop literário? Certo ´é que fez faíscas no corpo e na cabeça das mil pessoas que por ali passaram.

OBRIGADO também a quem preparou terreno, tratou de comidas e bebidas, a quem ajudou em tudo e mais alguma coisa e fez com que fosse um momento transbordante de encontros e reencontros.

25 de Abril sempre! Vê-se agora melhor o mais distante?

Vão começar os ensaios!

6 de Abril de 2022

Vamos arrancar com os ensaios da Kantata!

Durante o mês de fevereiro, ouvimos muitas pessoas e grupos de pessoas sobre habitação e direito à cidade. Essas palavras alimentaram a escrita de um texto pela Regina Guimarães.

Estamos agora a convidar as pessoas que o inspiraram e outras interessadas neste projecto para um novo encontro, a fim de começarmos a conhecer e explorar esse texto. Podemos mesmo chamar a esse ajuntamento primeiro ensaio da Kantata do Tecto Incerto! Terá lugar já no próximo domingo, dia 10 de abril, às 17h na Casa da Achada.

Este será o primeiro de vários encontros para trabalhar o texto, experimentar sonoridades com os nossos músicos e ensaiar a metamorfose dessas matérias em cantata*. Pode-se aparecer sem compromisso, mas o agendamento do processo de trabalho que imaginámos é o seguinte: dois ensaios semanais (um à quinta-feira à noite, outro ao sábado à tarde), de maneira a que as pessoas possam vir pelo menos a um deles por semana, durante os meses de Abril, Maio e Junho.

Em Abril haverá algumas variações em relação a este calendário e os ensaios, em princípio, serão nestes dias:

– Domingo 10 abril 17h – 19h
– Sexta 15 abril 20h30 – 23h
– Sábado 16 abril 16h – 19h
– Quinta 28 abril 20h30 – 23h
– Sábado 30 abril 18h – 21h

Vem e traz aquela pessoa a quem participar nisto connosco faria mesmo bem!

* Palavra de origem italiana que designa uma composição vocal, por vezes coral, religiosa ou profana, e compreendendo, em geral, vários andamentos.

Inês Nogueira e Joana Bagulho «a bibliambular por aí…»

2 de Abril de 2022

A Margarida Guia, actriz, cantora, sonoplasta e amiga da Casa da Achada deixou-nos a «Bibliambule», uma criatura com rodas, cheia de objectos surpreendentes dentro, criada em conjunto com Michel Vela, em 2002. Com esta biblioteca ambulante, a Margarida leu e cantou a liberdade das palavras pelas ruas de Lisboa e pelas esquinas do mundo.Nestas sessões, convidamos pessoas curiosas, artistas ou não, a mergulhar nesta herança a que decidimos dar vida e a propor-lhe novos modos de uso.

No sábado 2 de Abril, às 18h30, a Inês Nogueira e a Joana Bagulho andaram a bibliambular por aí.

JORGE SILVA MELO

15 de Março de 2022

A perda é tremenda para a Casa da Achada – Centro Mário Dionísio, de que foi fundador em 2008, a cujos corpos gerentes pertenceu, e que ajudou a construir escrevendo textos, participando em conversas e debates, apresentando filmes, dando ideias.

Jorge Silva Melo foi aluno de Mário Dionísio no Liceu Camões – ver aqui um dos textos que escreveu sobre como isso o marcou. Leu textos de Mário Dionísio em voz alta. Escreveu sobre a sua obra. Fez o Prefácio a Poesia Completa (2016). Conviveu com o professor que admirava, em diversas ocasiões.

Grande amigo de Eduarda Dionísio, que esteve com ele em vários projectos colectivos. Entre eles, a viagem colectiva de estudantes ao Festival de Teatro de Avignon (1968), o  Grupo de Teatro da Faculdade de Letras (1969), a revista Crítica (1971-1972), a campanha eleitoral do PSR (como independentes) para o Parlamento Europeu e o jornal «Combate» (1987), a fundação da Abril em Maio – associação cultural (1994), além da Casa da Achada-Centro Mário Dionísio.   

Inês Nogueira e Artur Pispalhas a assobiar muito à vontade… no Chão da Achada

26 de Fevereiro de 2022

Desta vez com convidados muito especiais.

A partir do conto de Mário Dionísio «Assobiando à vontade» (1944), Inês Nogueira e Artur Pispalhas voltam a contar-nos este conto desta vez com a participação especial de Pedro e Diana e Carlos «Zíngaro».

Foi no sábado, 26 de fevereiro, às 18h30.

Padre Mário de Oliveira

25 de Fevereiro de 2022

Sabemos da morte do Padre Mário e lembramo-nos das várias vezes que veio à Casa da Achada. E aqui deixamos um registo em vídeo de uma dessas vezes, uma sessão da rubrica «Itinerários» (em 27 de Outubro de 2012), em que contou a sua vida:

A Kantata do Tecto Incerto vai arrancar!

27 de Janeiro de 2022

Caros amigos cujo contributo vai possibilitar
a criação da KANTATA DO TECTO INCERTO,
pedimos desculpa pelo nosso longo silêncio.

A Margarida Guia, encenadora e sonoplasta a quem,
na sequência do seu extraordinário trabalho no âmbito da KANTATA DE ALGIBEIRA,
fora confiada a direcção artística desta nova peça musical,
faleceu a 19 de julho de 2021.

Não encontramos palavras capazes de descrever o doloroso sentimento de perda da amiga, da companheira de estrada e da artista sui generis que até há bem pouco tempo nos deixou incapazes de reagir e decidir quanto ao rumo da KANTATA DO TECTO INCERTO.

Definidos que foram finalmente os moldes de continuação dum projecto que a Margarida Guia faria questão de ver realizado, vimos por este meio convidar-vos para a sessão que marcará o arranque dos trabalhos. Terá lugar na Casa da Achada-Centro Mário Dionísio, no dia 12 de Fevereiro, às 18 horas.
A partir de imagens e sons, conversaremos acerca do imenso desafio que temos pela frente.

Vinde numerosos. Precisamos do calor da vossa presença.
Saudações poéticas e políticas
e votos dum bom e belo 2022

Rádio na Achada – O Coro foi a Cambedo

25 de Janeiro de 2022

Aqui publicamos o programa RÁDIO NA ACHADA, que passou na sexta-feira 21 de Janeiro às 21h e no sábado 22 de Janeiro às 17h, na Rádio Paralelo.

Trata-se de uma reportagem da ida do Coro da Achada a Cambedo da Raia em 18 e 19 de Dezembro passados, no âmbito da iniciativa «Cambedo da Raia 75 anos depois – Resistência e Homenagem»

https://archive.org/details/ra-2022-01-21-cambedo

Ouvido de Tísico nº 26

17 de Janeiro de 2022

O próximo Ouvido de Tísico é já o número 28 (vamos ouvir o programa DO SILÊNCIO no domingo 23 de Janeiro às 15h30), mas a verdade é que estava prometido (já desde o ano passado!) publicar o Ouvido de Tísico nº 26: RÁDIO CABUL – A RESISTÊNCIA É A LIBERDADE DE TODOS, um programa feito por André Luís Alves, que ouvimos na Casa da Achada em Novembro. Aqui está ele:

https://archive.org/details/ot-26

Nas sessões «Ouvido de Tísico» a proposta é escutar. Fácil? Difícil? Num mundo que nos quer entupir os ouvidos, nós queremos continuar a fazer cócegas ao caracol. Ouvir-se-ão textos de vários autores, saladas musicais, documentos desencantados do Centro de Documentação da Casa da Achada, discos do princípio ao fim, entrevistas, enfim, de tudo um pouco. Pode-se ouvir de pé ou sentado, sentado ou deitado. Pode ouvir-se de olhos fechados ou abertos, abertos ou semicerrados. Pode-se desenhar enquanto se ouve, ou escrever, ou não fazer mais do que… ouvir.

6 de Janeiro de 2022

Este poema de «Le feu qui dort» levou-nos a Joan Miró: uma pintura intitulada A cobra com papoilas andando sobre um campo de violetas povoado por lagartos enlutados


54.
Por muito que gritemos vitória
sobre as fraquezas pretensamente
irrisórias

Sob as flores cilada da curva da estrada
a nossa víbora
torturada torcionária
aguarda

(trad. de Regina Guimarães)

Fronteiras de resistência – notícia de uma viagem a Cambedo da Raia

30 de Dezembro de 2021

Nos dias 18 e 19 de Dezembro de 2021 o coro da Achada deslocou-se a Cambedo da Raia (concelho de Chaves) e a Campobecerros, terras de fronteira onde se homenagearam resistentes aos fascismos ibéricos. A história oficial repete que os vizinhos de Cambedo abrigaram criminosos. Ali ouviu-se uma história bem diferente.

O coro deslocou-se de autocarro, transporte garantido pelo Museu do Aljube, que se associou às duas acções de homenagem organizadas por Paula Godinho, antropóloga da Universidade Nova que realizou trabalhos de investigação naquela região durante vários anos. O fim-de-semana foi organizado em colaboração com várias pessoas e entidades interessadas na memória histórica da resistência anti-franquista e anti-salazarista, do lado de cá e do lado de lá da fronteira. Eram antropólogos, arqueólogos, historiadores, membros de movimentos cívicos e grupos políticos, associações locais e museus, de associações e grupos musicais, amigos e amigas dos dois lados da raia.

No dia 18 realizou-se no centro da aldeia de Cambedo da Raia um acto de homenagem aos “vizinhos de Cambedo”, terra que albergou resistentes anti-fascistas e que foi atacada violentamente (e bombardeada!) por uma acção conjunta da Guardia Civil, do exército e da GNR portuguesa (com a colaboração da PIDE). Dois dos resistentes foram assassinados. Um terceiro foi preso e enviado para o campo do Tarrafal, em Cabo Verde. Isto aconteceu em 1946, bem depois do fim da Guerra Civil Espanhola e já terminada a Segunda Guerra Mundial.

Cambedo servia de apoio a vários refugiados e guerrilheiros galegos que se opunham às forças franquistas e procuravam escapar aos fuzilamentos, ao terror e à repressão. No entanto, muitos deles eram descritos pelas autoridades simplesmente como malfeitores, criminosos ou contrabandistas. A «Guerra do Cambedo», em que habitações foram destruídas, pessoas feridas e dois guerrilheiros mortos, foi encoberta pela censura.

A GNR e a PIDE farão dezenas de detenções na região, prendendo famílias inteiras, acusadas de acolher «bandos de malfeitores». No dia 21 de dezembro de 1946, há 75 anos, estavam refugiados em Cambedo três guerrilheiros galegos: Demetrio García Alvarez, Juan Salgado Ribero e Bernardino Garcia y Garcia.

A repressão feroz foi lembrada nesta ocasião, ao mesmo tempo que foi elogiada a coragem e a solidariedade dos vizinhos de Cambedo que esconderam e ajudaram os perseguidos pelos regimes totalitários português e espanhol. Houve pequenos discursos de organizações locais (Centro Desportivo Cultural e Recreativo de Cambedo da Raia), da Junta de Freguesia de Vilarelho da Raia, de resistentes e ex-presos políticos, de membros de organizações anti-fascistas ou que lutam pelo “direito à memória histórica” (como a URAP ou o movimento Não Apaguem a Memória).

Depois das intervenções, ouviu-se um poema de Louis Aragon relacionado com a Guerra Civil de Espanha e o coro da Achada lançou canções alusivas à Guerra Civil Espanhola e à luta anti-franquista. Santo Cristo de Fisterre, em galego, En el pozo María Luisa, em castelhano, Só ouve o brado da terra (de Zeca Afonso), em português, foram algumas delas.

Estava uma centena de pessoas presentes. E alguns ausentes lembrados: por exemplo António Loja Neves, jornalista, escritor e documentarista, que correalizou com José Manuel Alves Pereira o filme «O Silêncio», precisamente sobre o silenciamento deliberado destes acontecimentos (este filme foi projectado na Casa da Achada em 2012 numa série de sessões realizadas sobre estes assuntos).

Seguiu-se mais música e festa, com acordeão, violino, gaita de foles e muitos adufes, com malta vinda do Porto (alguns dos «Bugalhos» e de vários grupos amigos) que cantou canções populares dos dois lados da fronteira. Vizinhas ofereceram uma jeropiga e ainda se esteve por ali até ao fim da tarde de Sábado, cantando e dançando ali no centro da aldeia, junto à igreja de Cambedo.

No Domingo de manhã foi a vez de se homenagear, num lugar na serra, do lado galego, perto de Campobecerros, outros homens: carrilanos que resistiram, depois do golpe franquista de 1936, à instauração da ditadura. Eram homens que trabalhavam na construção do caminho-de-ferro (daí o nome “carrilanos”) e que resistiram (até à morte) ao avanço dos falangistas.

Homenagem sentida e emocionada, junto a uma placa onde se lia «Em memória dos carrilanos portugueses, veciños do Concello de Castrelo do Val asasinados por forzas fascistas o 20 de Agosto de 1936/ O esquecemento leva a que feitos como estes se poidan repetir (3 Junho 2012)».

Primeiro, palavras de Pepe (“é preciso dizer que a Guerra Civil não foi uma ‘guerra civil’, foi um golpe!”) lembrando também que não foram só os antifascistas que foram atacados, presos e assassinados, mas todo o povo galego. Houve ainda agradecimentos finais feitos por Paula Godinho, com vários amigos e amigas galegas ali presentes. Depois do coro cantar algumas canções («pueblo que canta no morirá…»), cantámos juntos a inevitável «Grândola, Vila Morena».

Seguiu-se uma visita à campa não identificada de dois dos assassinados no cemitério de Campobecerros. E depois houve almoço num restaurante local e familiar, onde se comeu cozido galego e truta, enquanto se cantaram mais canções de luta e se trocaram histórias. E leram-se ali palavras da Autobiografia de Mário Dionísio sobre a Guerra Civil:

«A guerra de Espanha, aqui ao lado, vivida dia a dia e hora a hora com o ouvido colado aos aparelhos de TSF, por causa das interferências meticulosamente provocadas, por causa dos vizinhos (fossem eles quem fossem), com projectos ansiosos de ir lá ter («Partir./Partir para a pátria instável onde o grito salta das veias», versos meus de 38) e o remorso de ficar. As notícias diárias dos bombardeamentos, dos fuzilamentos, das aldeias destruídas, sem pão, sem armas. E o «no pasarán!». O não passarão vibrando no nosso desespero, ainda antes de gritado nas barricadas de Madrid, sentido em silêncio e lágrimas, neste país agrilhoado, esvaziado, com os amigos perseguidos, presos, torturados, muitos deles mortos não se sabia onde. Houve um tempo em que nem saber onde estavam se podia.»

Achada na Rádio – 29º programa

26 de Dezembro de 2021

Aqui publicamos o vigésimo nono programa ACHADA NA RÁDIO, que passou na sexta-feira 24 de Dezembro às 21h e no sábado 25 de Dezembro às 17h, na Rádio Paralelo.

ACHADA NA RÁDIO é um programa para ouvir feito pelas vozes que frequentam e compõem a Casa da Achada, com notícias da actualidade, divulgação da obra de Mário Dionísio e não só, leituras e releituras, invenções, efemérides, canções! Ouçam!

https://archive.org/details/ar-29

Entre outros ingredientes este programa tem dentro: Adão Contreiras, Adelino Gomes, Amigos da Casa da Achada, Antonino Solmer, António Ramos Rosa, Catherine Dumas, Clara Boléo, Cláudia Oliveira, Coro da Achada, Diana Dionísio, DJionísio, Eduarda Dionísio, Eupremio Scarpa, Filomena Marona Beja, Grupo de Teatro Comunitário da Casa da Achada, Ian “Lemmy” Kilmister, Inês Nogueira, Isabel da Nóbrega, João B. Serra, João Rodrigues, Lena Bragança Gil, Luca Argel, Luís Bigotte Chorão, Luis Miguel Cintra, Luísa Duarte Santos, Mário Dionísio, Miguel Ângelo, Motörhead, Nat King Cole, Pedro Rodrigues, Rádio Paralelo, Regina Guimarães, Rubina Oliveira, Sofia Ortolá, Toni, Ursula K. Le Guin, Xutos & Pontapés, Zé Mário Branco, Zeca Afonso.

 

André Spencer e F. Pedro Oliveira para Casa da Achada - Centro Mário Dionísio | 2009-2020