«Estes livros por alguma razão»: A OESTE NADA DE NOVO
Esta sexta-feira 20 de Março, às 18h30, data prevista para uma sessão da rubrica «Estes livros por alguma razão» em que o Toni nos ia falar de A OESTE NADA DE NOVO de Erich Maria Remarque, publicamos aqui uma sessão filmada, que não será a mesma, pois não terá cheiros nem conversa, mas é o que podemos fazer neste momento.
ESTES LIVROS POR ALGUMA RAZÃO
«Queremos livros que nos afectem como um desastre»
Franz Kafka
Toni fala de
A OESTE NADA DE NOVO de Erich-Maria Remarque
A Casa da Achada- Centro Mário Dionísio tem uma nova rubrica dedicada à leitura e ao diálogo sobre livros. Há livros que lemos ao longo da vida e que nos marcaram por alguma razão. Porque não partilhar com outra gente interessada o que se descobriu naquele livro?
Em 2020 a ideia era encontrarmo-nos uma vez por mês na Casa da Achada para uma conversa de cerca de uma hora.
Nesta sessão, feita em vídeo dadas as actuais circunstâncias, Toni fala de A OESTE NADA DE NOVO de Erich-Maria Remarque.
Desconhecia a obra e o actor, embora o título do livro me soasse familiar. Há uma memorialista e actriz portuguesa (Mercedes Blasco) que vivia em Liège, quando os alemães invadiram a Bélgica na Grande Guerra. Sim, tratou-se de uma invasão, e inesperada pelo comum cidadão europeu – diz-nos ela – assinalando o fim do mito de que o século XX seria aquele em que a guerra já não teria lugar na Europa dita civilizada. Pelo que leste, Toni, pareceu-me que a narrativa do Remarque imiscui a posição ofensiva da Alemanha. Há até um momento em que se refere que o Kaiser não teria querido a guerra. Ironia ou mito nacionalista? Percebe-se que a perspectiva é a de um soldado de 18 anos. Confrontando o relato do soldado alemão com os depoimentos que Blasco recolheu dos soldados aliados feridos no hospital em Liège (onde se voluntariou como enfermeira) inclusivamente portugueses, que diferença de condições, a avaliar pela ração diária dos alemães! Que paraíso! O único denominador comum é o horror da violência quotidiana na frente de combate, pela primeira vez, industrializada e massiva (até ataques aéreos de Zeppelins não faltaram sobre civis). Num momento da tua leitura o narrador interroga-se como é possível não se mudar um sistema que produz a anormalidade da guerra – e apetece acrescentar – não se mudar um sistema que permite a demanda imperialista. Antes tinha sido a França napoleónica, depois, com a guerra Franco-Prussiana e a unificação da Alemanha em 1871 foi o que se viu até 1945. E depois disso, para onde se passou a bola imperialista? A tua leitura fez-me vir de novo à cabeça que “antes a guerra ao Corona Vírus!”. Obrigada Toni, gostei muito deste pedacinho, comparticipado até pelos vizinhos.